Outra prioridade, segundo o assessor das centrais sindicais, é a segunda fase da reforma tributária, para que haja mais justiça fiscal em relação aos impostos que recaem sobre a renda
O sociólogo Clemente Ganz Lúcio, assessor das centrais sindicais, comemorou o crescimento do emprego nos últimos meses. Nesta semana, o IBGE anunciou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em abril ficou em 7,5%, o menor nível desde 2014. Além disso, o número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 38,188 milhões, um recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
Ex-diretor técnico do Dieese e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (Cdess) da Presidência da República, Clemente atribui a melhora no emprego à retomada da atividade econômica no país, especialmente na indústria. Esse avanço, por sua vez, está relacionado ao avanço da renda da maioria da população.
“Agora tem um grande desafio que é a qualidade do emprego, melhorar os salários, enfrentar a informalidade, a rotatividade. Há muito a ser feito, apesar de nós termos bons resultados do ponto de vista da geração do emprego”, afirmou ele nesta sexta-feira (31) em entrevista ao programa Onze News, comandado por Gustavo Conde.
Mobilização
Nesse sentido, Clemente destacou que as centrais lançaram na semana passada a pauta da classe trabalhadora para 2024. Entre os principais pontos, estão a luta por emprego decente, a redução de impostos, a diminuição das taxas de juros, a qualidade da educação e a proteção ao meio ambiente. Na ocasião, a marcha dos trabalhadores em Brasília reuniu cerca de 15 mil dirigentes sindicais de todo o país. Eles também levaram ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF) agendas específicas da classe trabalhadora.
“Uma das nossas prioridades é que o governo federal, o ministro Fernando Haddad (Fazenda), encaminhe ao Congresso o projeto da segunda etapa da reforma tributária, que trata da tributação sobre renda, especialmente herança, grande fortuna”, disse Clemente. Desse modo, ressaltou que as centrais também apoiam o esforço do ministro pela taxação global dos super-ricos. É uma iniciativa fundamental, segundo ele, para combater a miséria e mitigar os efeitos das mudanças climáticas no planeta.
Ao mesmo tempo, segundo ele, essa mobilização das centrais na capital federal serviu para superar a repercussão negativa do evento esvaziado no 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora. Segundo Clemente, a baixa adesão é resultado dos contínuos ataques aos sindicatos, entre 2016 e 2022. “Para se ter uma ideia, hoje as centrais sindicais vivem com 2% do orçamento que elas tinham no passado”, lamentou Clemente.
Reconstrução do Rio Grande do Sul
Além disso, há cerca de duas semanas, as centrais sindicais também apresentaram propostas para contribuir com a reconstrução do Rio Grande do Sul. São propostas emergenciais e estruturais para o enfrentamento da crise climática. Além disso, as centrais também manifestaram preocupação com a manutenção dos empregos na região atingida pela catástrofe.
“Nesse documento, propusemos uma série de medidas visando estabelecer espaços de diálogo social para criar mecanismo, políticas e medidas que possam proteger os empregos, a renda das pessoas e, simultaneamente, mobilizar a força de trabalho para a reconstrução do território, das empresas, das casas, dos postos de saúde, das escolas, das vias”, disse Clemente.
Assim, ele antecipou que as centrais estão fazendo, neste momento, um levantamento das colônias de férias em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A ideia é disponibilizar eventualmente esses espaços para receber famílias que perderam suas casas nas enchentes.
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