Um cinturão progressista na região mais adensada do Leste Fluminense da baía de Guanabara está prestes a se formar neste 2º turno das eleições se o médico Dimas Gadelha, do PT; e o advogado e auditor fiscal Marlos Costa, do PDT, consigam se eleger prefeito e vice de São Gonçalo, o 2º maior município do Rio de Janeiro em população depois da capital. A dobradinha PT-PDT venceu o 1º turno graças ao firme apoio que recebeu dos prefeitos das vizinhas cidades de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), e de Maricá, Fabiano Horta (PT).
Dimas e Marlos venceram em São Gonçalo com 31,36% dos votos (1117.346), contra os 85.399 votos (22,87) do Capitão Nelson, do Avante, um PM aposentado, que ficou com o 2º lugar ultrapassando o terceiro colocado, Dejorge Patrício, dos Republicanos, por 735 votos em um universo de 466 mil eleitores.
Tanto Rodrigo Neves quanto Fabiano tiveram excelente desempenho em seus municípios, além de ajudarem Dimas e Marlos em São Gonçalo. Rodrigo elegeu o seu sucessor em Niterói, o engenheiro florestal e ambientalista Axel Grael, com 62,56% dos votos válidos; enquanto Fabiano Horta, foi reeleito prefeito de Maricá com a vitória esmagadora de 88,09% dos votos válidos.
Se Dimas e Marlos ganharem em São Gonçalo se fechará o cinturão progressista PDT-PT responsável por 1,7 milhão de fluminenses, somadas as populações dos três municípios. Ontem mesmo, 18/11, eles iniciaram a campanha pelo 2° turno com uma carreata que saiu do bairro operário da Vidreira, onde Luis Carlos Prestes celebrou o seu último aniversário em vida, ainda no governo de Edson Ezequiel (na época PDT); e uma caminhada pelo Centro de São Gonçalo à noite. Hoje, dia 19/11, a campanha prossegue a partir das 9 horas da manhã com uma reunião no Clube Tamoio com lideranças evangélicas, caminhada no Centro e carreata.
A mil por hora, Dimas e Marlos sabem que a aliança formada em torno delestem toda chance de vencer. Embora o PT nunca tenha elegido um prefeito em São Gonçalo, o PDT já elegeu três – Edson Ezequiel, João Bravo e Aparecida Panisset – e na eleição presidencial de 1989, 1º turno, deu uma acachapante vitória a Leonel Brizola no 1º turno deixando os demais candidatos longe.
Os mais velhos não esquecem o dia em que a cidade inteira de São Gonçalo parou e foi para as ruas receber Brizola que realizou um megacomício no Rodo de São Gonçalo, talvez o maior da História do município.
O candidato a vice-prefeito Marlos Costa, nascido na Bahia e criado em Alcântara, é um advogado, auditor fiscal de carreira do Tribunal de Contas do Estado que já foi vereador por dois mandatos (PT) e já exerceu o cargo de secretário municipal de Desenvolvimento Social. Na eleição passada disputou o cargo de prefeito de São Gonçalo pelo PSB, mas perdeu para o atual prefeito José Nanci.
Já Dimas Gadelha, 45 anos, nascido na Paraíba e criado desde os 13 anos na Trindade, em São Gonçalo, formou-se em medicina e fez especialização em saúde pública na Fiocruz, além de gestão de sistemas. Dimas também já foi secretário municipal de Saúde (2015-2018), na gestão do atual prefeito, José Luiz Nanci (Cidadania) que tentou a reeleição e não conseguiu.
A vitória dos dois foi uma surpresa e segundo o presidente estadual do PT, Washington Quaquá, ex-prefeito de Maricá e aliado de Fabiano Horta, com a vitória no 2º turno, pretende dar visibilidade aos projetos sociais tocados em Maricá há 12 anos, município que tem apenas cerca de 100 mil habitantes. Quando Dimas Gadelha, secretário de Saúde, rompeu com o atual prefeito José Luiz Nanci (Cidadania), se lançou candidato a deputado federal em 2018 pelo DEM – e perdeu – Quaquá o convidou para ingressar no PT.
A chapa Dimas-Marlos foi montada graças a uma costura entre Quaquá e o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT); já que Marlos Costa já tinha se lançado candidato a prefeito pelo PDT, mas concordou em ser vice na chapa de Dimas. Na eleição passada Marlos disputou e perdeu a prefeitura pelo PSB, para o atual prefeito.
Agora na campanha, Dimas Gadelha apostou na propaganda dos programas sociais implantados por Quaquá em Maricá, como a moeda social que criou, a mumbuca, um mecanismo de transferência de renda para famílias pobres de Maricá que privilegia o comércio local; e linhas públicas de ônibus com tarifa zero – que anunciou que pretende implantar em São Gonçalo. Também prometeu investimentos em segurança pública, como a implementação de 500 câmeras na cidade, criando um sistema de vigilância, nos mesmos moldes do que foi feito por Rodrigo Neves em Niterói. O mote da campanha não poderia ser mais claro: “Maricá e Niterói juntas por São Gonçalo”.
Só que enquanto Maricá e Niterói vivem um momento de bonança por serem os dois municípios que mais arrecadam royalties e participações especiais por conta da exploração do petróleo no mar; São Gonçalo não tem os mesmos recursos, arrecada muito menos, tem muito mais população, valas negras e pobreza – situação comum nas cidades periféricas dos grandes centros urbanos do Brasil.
Em 2018, o presidente Jair Bolsonaro teve 67,3% dos votos na cidade e a deputada federal Flordelis (PSD), acusada de encomendar o assassinato do próprio marido, é uma das lideranças desse campo político. Quaquá diz que uma vitória na cidade pode ser uma mensagem a nível nacional: “O desafio é provar que é possível implantar esse novo modo petista de governar. É uma cidade grande, periférica, com eleitorado popular e muito evangélico”. Já Rodrigo Neves começa a ser apontado como um dos possíveis candidatos a governador nas eleições de 2022.
Confira o projeto de Governo de Dimas e Marlos:
Com informações do site http://www.pdt-rj.org.br/ (Fontes: Jornal “Toda Palavra”, UOL)