Há mais de cem anos, na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o petróleo e a história tornaram os Estados Unidos o país mais poderoso do mundo. Foi sobre um oceano de petróleo fornecido pelos Estados Unidos, disse na época o Primeiro=Ministro da França Georges Clemenceau, que os países aliados de então, liderados pela França e a Inglaterra, derrotaram a Alemanha e seus parceiros.
A república norte-americana original expandira-se das treze colônias iniciais que se tinham rebelado em 1776 contra o domínio colonial britânico, formando os Estados Unidos, para um país continental que se estendia do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico e nessa marcha para oeste comprou à França dos Luíses o território da Luisiana e arrebatou ao México, em 1848, boa parte de seu território – hoje estados norte-americanos da California, Nevada, Texas, Utah e Novo México e áreas dos estados de Arizona, Colorado e Wyoming.
Quarenta anos depois, em 1898, uma guerra contra a Espanha transformou os Estados Unidos num império colonial, com a conquista das Filipinas, do Havaí e de Porto Rico. Cuba, antes colônia espanhola, transformou-se em república, mas teve de incluir em sua Constituição a famosa Emenda Platt, que a submetia aos Estados Unidos num domínio verdadeiramente colonial.
Mais vinte anos e em 1918 o fim da Primeira Guerra Mundial apenas confirmou a expansão do poder norte-americano. Mas em 1917 a Revolução Russa fizera surgir a futura União Soviética e o embrião de uma nova potência, que na Segunda Guerra Mundial acabou por ser aliada dos Estados Unidos contra a Alemanha nazista. Mal terminada a luta, a Guerra Fria estabeleceu o mundo bipolar liderado pelos Estados Unidos de um lado e a União Soviética do outro.
A União Soviética, também imperial depois da Segunda Guerra e durante a Guerra Fria, desapareceu logo depois da queda do Muro de Berlim em 1989 e o mundo parecia tornar-se unipolar, com o Império Americano vivendo a situação que o Império Britânico vivera em seus dias de apogeu, quando o sol jamais se punha sobre sua bandeira, presente em todos os continentes. Por isso o século 20 já poderia ser considerado o século americano.
A bandeira americana podia ser vista em bases militares também em todos continentes, mas outras e novas realidades iam-se impondo sucessivamente. Uma delas foi a erosão do poder do dólar como moeda universal das transações internacionais, ao qual praticamente todo mundo pagava pedágio. O antigo Mercado Comum europeu, criado por inspiração dos Estados Unidos, evoluía para tornar-se a União Europeia e já em 1989 agia para que ela tivesse sua própria moeda, o euro, lançado em 1999. Ao mesmo tempo a China tornava-se a segunda economia do mundo e na transição do século 20 para o século 21 já se perguntava quando o PIB chinês ultrapassaria o dos Estados Unidos. Outra pergunta que se fazia nesse momento, de tantos avanços no universo da tecnologia, era quando o New York Times publicaria sua última edição em papel, completando a transição para as plataformas digitais.
Nesse estágio da evolução econômica, tecnológica e política do mundo, nenhuma surpresa, portanto, nenhuma estranheza que outro bloco econômico surgisse ao lado da União Europeia e do G-7, dos países mais ricos. E também que desse bloco, os BRICS, participasse o Brasil desde o início, em 2006. E que, em sua reunião de cúpula deste ano, em Johannesburgo, seus cinco integrantes = Brasil, Rússia, India, China e Africa do Sul – tenham aceito a adesão de mais seis países, Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – seis entre mais de quarenta interessados em associar-se a ele.
Com as novas adesões, os BRICS passam a representar 46% da população do planeta e 36% do PIB mundial (em paridade de compra) e se tornaram o grupo com as maiores reservas de petróleo, gás natural e alimentos do mundo. Paralelamente, seu banco, o Novo Banco de Desenvolvimento, considera pedidos de adesão de 15 países, quatro ou cinco dos quais o banco provavelmente aprovará.
São números de tal ordem que será precipitada qualquer estimativa imediata das possíveis consequências da reunião de Johannesburgo – a não ser, a partir desse banco, a criação de uma moeda comum dos BRICS que não precise pagar pedágio ao dólar.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
SEJA UM AMIGO DO JORNAL BRASIL POPULAR
O Jornal Brasil Popular apresenta fatos e acontecimentos da conjuntura brasileira a partir de uma visão baseada nos princípios éticos humanitários, defende as conquistas populares, a democracia, a justiça social, a soberania, o Estado nacional desenvolvido, proprietário de suas riquezas e distribuição de renda a sua população. Busca divulgar a notícia verdadeira, que fortalece a consciência nacional em torno de um projeto de nação independente e soberana. Você pode nos ajudar aqui:
• Banco do Brasil
Agência: 2901-7
Conta corrente: 41129-9
• BRB
Agência: 105
Conta corrente: 105-031566-6 e pelo
• PIX: 23.147.573.0001-48
Associação do Jornal Brasil Popular – CNPJ 23147573.0001-48
E pode seguir, curtir e compartilhar nossas redes aqui:
https://www.instagram.com/jornalbrasilpopular/
️ https://youtube.com/channel/UCc1mRmPhp-4zKKHEZlgrzMg
https://www.facebook.com/jbrasilpopular/
https://www.brasilpopular.com/
BRASIL POPULAR, um jornal que abraça grandes causas! Do tamanho do Brasil e do nosso povo!
Ajude a propagar as notícias certas => JORNAL BRASIL POPULAR
Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.