Sem maior aviso prévio, expectativa ou preparativos, Elon Musk desembarcou no Brasil para um encontro com Bolsonaro, que não o recebeu em Brasília, no Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, mas foi pressurosamente ao encontro dele no hotel de luxo em que Musk se hospedava, o resort Fasano de Porto Feliz, a uns cem quilômetros de São Paulo.
Não deu tempo nem para aproveitar a viagem e improvisar a motociata ou a chegada em cavalo branco, sempre branco, que Bolsonaro adora acrescentar a seus deslocamentos. Não que ele tivesse pressa, quem a tinha era Musk, na correria para consumar a seu modo a compra bilionária do Twitter e na corrida mais demorada de suas empresas de exploração espacial, para ir buscar trilhões de dólares de minérios em Marte.
Musk dissimula seu projeto marciano anunciando que pretende apenas vender turismo interplanetário a bilionários exibicionistas, mas o que de fato tem em vista são os trilhões de dólares em minérios que pretende trazer de asteroides muito mais próximos e mais acessíveis que Marte.
Muito mais acessíveis, pensando bem, são os bilhões ou talvez trilhões de dólares de minérios existentes no subsolo da Amazônia brasileira – Amazônia em cujo solo Musk se oferece para monitorar por satélites de suas empresas 19 mil escolas num território que parece já estar monitorado graças a um contrato em vigor com a maior concorrente dele.
Muito desses minérios está em reservas indígenas conhecidas e pesquisadas há décadas por ONGs de propósitos pretensamente religiosos, que retomaram o trabalho realizado há um século, na década de 1920, pelo coronel Percy Fawcett, notoriamente do serviço secreto britânico, desaparecido na região da Serra do Roncador, na qual se embrenhara supostamente em busca de uma civilização perdida.
Na época e nas décadas seguintes o mistério da expedição Fawcett e seu desaparecimento em 1925 mereceram grande curiosidade e cobertura da mídia e até foram a inspiração dos filmes de Indiana Jones. Depois, a chegada das ONGs interessadas nos minérios do subsolo da Amazônia teve de ser disfarçada como interesse pelo destino religioso e/ou social dos povos indígenas, já que ninguém mais acreditaria na versão de busca por civilizações perdidas.
Agora, com Musk, damos início a uma nova geração ou encarnação dos mitos da Amazônia. Bolsonaro acreditará no que Musk quiser e disser, primeiro porque Musk é parceiro a longo prazo de seu ídolo Trump e depois porque a compra bilionária do Twitter dá a Bolsonaro a esperança de compartilhar um instrumento poderoso de intervenção na campanha eleitoral.
De fato, é por uma busca de poder, por qualquer via, inclusive a eleitoral, que Musk se diz disposto a investir 44 de seus 240 bilhões de dólares de fortuna para assumir sozinho, sem acionistas ávidos por dividendos, o controle do Twitter.
É verdade que ele tenta tirar menos dinheiro do próprio bolso, conseguindo empréstimos bancários e promovendo idas e vindas para baratear a operação, inclusive com manobras como mandar um emoji de cocô (isso mesmo, um emoji de cocô) para o atual CEO da empresa.
No fim de contas, porém, são os 240 bilhões de dólares de Musk que vão avalizar a compra e com ela Musk acrescentará um poder enorme ao poder que já tem como dono da Tesla, a maior fábrica de automóveis elétricos do mundo, e de empresas de exploração do espaço que vampirizam tecnologia e subsídios da Nasa governamental.
Com esse poder, Musk adquire condições de intervir em eleições presidenciais como a do Brasil em outubro e as legislativas dos Estados Unidos em novembro. E pode conseguir muito do que quiser, tanto nos Estados Unidos, com um Partido Republicano cada vez mais dominado por Trump, quanto no Brasil, enquanto Bolsonaro continuar Presidente.
(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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