Escárnio. Substantivo apropriado, se não houver adjetivos mais explicativos e possíveis para qualificar melhor a figura patética e cruel do presidente da República Jair Bolsonaro, do PL, com um cocar na cabeça e uma criança indígena no colo, recebendo do Ministério da Justiça medalha de Mérito Indígena. Na cerimônia que foi realizada nesta sexta-feira (18/3), ele dá risadas desproporcionais ao falar, diretamente, aos povos originários que se transformem “em iguais, se sentindo exatamente como nós”.
Enquanto isso, todos os dias, registram-se, na Amazônia, renovadas e inéditas estatísticas de destruição, não apenas de florestas que afetam as mudanças climáticas no planeta, mas de mortes e doenças que atinge pessoas. É escandalosa a realizada pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Organização Não Governamental (ONG) WWF, que constata a contaminação por altos índices de mercúrio de 75,6% da população de Santarém, município de florestas habitadas pelo povo Munduruku, que tem sofrido ameaças diuturnas de garimpeiros, incentivados à invasão de aldeias por este Presidente da República e que também já foram testados pela Fiocruz, com denúncia de que 99% das aldeias na região, no Alto Tapajós, estão atingidas, até mesmo já apresentando problemas neurológicos.
Com desmatamentos e queimadas da maior reserva de biodiversidade do mundo, a festividade de Bolsonaro repercutiu rapidamente. O sertanista , ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e com 40 anos de trabalho em expedições pelas florestas, imediatamente, devolveu a mesma medalha do Mérito Indigenista que recebera do Ministério do Interior, em 1987, com mensagem ao ministro da Justiça Anderson Torres: “Entendo, senhor ministro, que a concessão do Mérito Indigenista ao senhor Jair Bolsonaro é um flagrante, descomunal, ostensiva contradição em relação a tudo que vivi e a todas as convicções cultivadas por homens da estatura dos irmãos Villas Boas”.
A gravíssima autoconcessão de uma honraria importante para o Brasil por seu próprio ministério subordinado, o que o torna ainda mais descarado, mereceu, em seguida, o repúdio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Além de denunciar o comportamento, ofereceu a Bolsonaro um “Medalha do Genocídio Indígena”, por suas “políticas de morte”. Em nota, afirma que às vésperas das eleições ele e aliados seguem com as perseguições às organizações políticas, lideranças, de olho em terras e riquezas. “A todo o custo querem nos destruir. Não bastasse isso agora querem homenagem em nosso nome?”
“Reconhecido no Acre como uma das pessoas responsáveis por grande número de demarcações de terras indígenas, o sertanista aposentado da Funai, Antônio Macedo, ou simplesmente ‘Txai Macedo’ diz que devolverá medalha de Mérito Indigenista em protesto”, publicou o jornal acreano Juruá em Tempo, na sexta-feira (18/3).
O Setorial Nacional Indígena do PT publicou um em que repudia, “veementemente”, a concessão que foi feita também a gestores da equipe bolsonarista, empenhados em destruir as políticas públicas que garantem direitos dos povos originários. O documento ressalta nomes que receberam a honraria no passado, como Possuelo, Darcy Ribeiro, Mário Juruna, Raoni Metuktire e Dalmo de Abreu Dallari. “Bolsonaro escancara seu cinismo e afronta o povo brasileiro”.
Notícia em toda a imprensa brasileira, a indignação ante os atos hipócritas de Jair Bolsonaro, a 5 meses das eleições gerais de outubro de 2022, explodiu nas redes sociais, espaço em que, notadamente, seus críticos não o perdoam. Além de tudo isso, o gesto faz parte da narrativa escandalosa cujo objetivo é desqualificar ideias, conceitos e tradições que não coadunam com o projeto econômico neoliberal e neocolonialista do governo Bolsonaro de total subserviência do Brasil aos EUA e a países imperialistas.
Usar o cocar da medalha do Mérito Indigenista só consolidou o que todo mundo já sabe, o desrespeito e o menosprezo de Jair Bolsonaro pelas culturas, territórios e a própria vida dos povos originários. O significado do cocar é enorme para os indígenas. Uma das características das pessoas impertinentes, grosseiras, insolentes e mal-intencionadas com as etnias originárias é fato de não respeitar os signos culturais, tradicionais, religiosos dessas nações.
Ao usar o cocar da medalha do Mérito Indigenistas, Bolsonaro não só busca desqualificar o objetivo da medalha, mas também descontextualizar os signos e diluí-los em uma cultura etnocida. Isso é apropriação cultural indevida. O cocar não é a boina nem um quepe de qualquer militar subserviente a países imperialistas e muito menos um ornamento carnavalesco de presentes da República que se divertem autorizando grilagens de terras indígenas à custa da morte de centenas de pessoas que vivem nelas e a rapinagem de riquezas minerais do País.
O cocar é sinal de limitação, respeito e responsabilidade de determinadas pessoas no exercício dos poderes. No caso dos povos originários, por exemplo, só caciques, tuxauas, pajés podem usá-los. O cocar é mais do que um adereço, e sim parte de ritos de ligação com ancestrais e com a natureza; ou ainda, símbolo de festividades de um povo. Cocar, para indígenas, é sinal de orgulho, respeito e responsabilidade. Justamente o que falta no governo Bolsonaro e no próprio Presidente da República em todas as suas não-políticas dedicadas aos povos indígenas.
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