Neste 7 de setembro, enquanto o Brasil celebra o Dia da Independência, marcado pela simbólica cena do grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga em 1822, outro grito ecoa por todo o país, mais profundo e verdadeiro: o Grito dos Excluídos e Excluídas. Em 2024, essa manifestação popular, que completa 30 anos de existência, continua a emergir das periferias, dos campos e das comunidades silenciadas, como uma potente voz em defesa da soberania nacional, da democracia e da vida digna para todos os brasileiros.
Desde sua primeira edição em 1995, o Grito dos Excluídos e Excluídas se consolidou como uma resistência contra a invisibilização das desigualdades sociais, da pobreza e da exploração, que o Estado e as elites econômicas preferem varrer para debaixo do tapete. A escolha do 7 de setembro como o dia dessas manifestações não é por acaso; é um contraponto ao Grito da Independência, proclamado por um príncipe, em nome de uma elite, sem considerar as vozes dos que realmente sustentam o país – os trabalhadores, os povos originários, os afro-brasileiros, as mulheres e tantos outros grupos que continuam marginalizados.
O lema da 30ª edição, “30 anos de resistência”, reflete essa trajetória de luta contra as políticas que, em vez de garantir direitos e dignidade, aprofundam as desigualdades. Nos últimos anos, sob os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, assistimos a um desmonte sistemático de políticas públicas essenciais para a população mais vulnerável. Programas de combate à fome, de habitação popular, de acesso à educação e à saúde foram severamente enfraquecidos, enquanto o país mergulhava em uma agenda neoliberal que priorizava os interesses do mercado financeiro em detrimento do bem-estar social.
A volta de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, em 2023, trouxe consigo a esperança de um resgate dessas políticas destruídas. O governo Lula 3 se empenha em reconstruir o que foi perdido: a retomada de programas sociais, o fortalecimento do SUS, a defesa da educação pública e de qualidade, e a valorização do trabalhador. Lula, que já havia demonstrado em seus mandatos anteriores o compromisso com a inclusão social, volta a colocar os pobres no orçamento e os ricos no imposto, enfrentando as pressões do mercado financeiro que, historicamente, impõe suas vontades em detrimento da soberania popular.
Este 7 de setembro, portanto, não deve ser apenas uma celebração da Independência formal, mas um dia de reflexão sobre a independência real, que só será conquistada quando todos os brasileiros tiverem suas vozes ouvidas, seus direitos garantidos e suas condições de vida dignas. O Grito dos Excluídos e Excluídas, ao longo de três décadas, nos lembra que a verdadeira independência do Brasil virá quando não houver mais excluídos e quando o governo democrático, que agora começa a ser restaurado, conseguir devolver a soberania ao povo, resgatando as políticas públicas que garantem justiça social.
O Grito dos Excluídos e Excluídas de 2024 é, portanto, um ato de resistência e esperança. É um chamado para que todos os brasileiros se unam na defesa de um país justo, solidário e soberano. É o grito de quem, por muito tempo, foi silenciado, mas que agora exige ser ouvido, para que o Brasil, finalmente, seja um país de todos.