O governo Bolsonaro, após algumas derrotas acachapantes e depois de fingir por mais de um ano que não negocia com o Congresso Nacional, resolveu escancarar aquilo que já fazia escondido: o toma lá, dá cá!
Na prática, ele diz o seguinte: “vocês, dos partidos que me apoiaram no início do governo, “tomam lá” um monte de cargos no governo, com muito dinheiro para gastar e “dão cá”, pra mim, apoio irrestrito contra os mais de trinta pedidos de impeachment que estão em andamento no Congresso Nacional e no STF. Tá oquêi?”
Alguns partidos já concordaram com isso, entre eles o PL, comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, além de outros partidos do chamado “Centrão”, que tem como principal característica fazer parte de qualquer governo, desde que ocupando cargos com muito dinheiro à disposição.
Essa movimentação do presidente Bolsonaro pode trazer o benefício de evitar o seu impeachment, mas coloca em risco a permanência no governo do seu ministro da economia: Paulo Guedes. Se tiver que engolir esse acordão, Guedes vai tentar arrancar desses partidos o compromisso de ajudar a acelerar as privatizações de estatais. Dane-se o povo e o coronavírus!
O fato é que o governo Bolsonaro, além de se mostrar um desastre na economia e com investigações por corrupção do filho mais velho, está demonstrando sua total incapacidade de coordenar as ações para fazer face à pandemia do coronavírus, o Covid-19. Além de combater as ações de isolamento corretas dos governadores, e envergonhar o país perante todo o mundo, foi capaz da façanha de trocar dois ministros da Saúde, em apenas um mês, no auge da pandemia. Para completar, levou o ministro Sérgio Moro a pedir demissão por tentar interferência indevida na direção da Polícia Federal, que investiga seu filho mais velho.
Toda semana, Bolsonaro gera pelo menos uma crise, daí a necessidade de acordo com o “Centrão” para segurar o tranco. A situação é de tal gravidade que, entre o impeachment e a renúncia, o povo já está disposto a aceitar qualquer remédio para se ver livre desse vírus mortal. Ainda que tenha que trocar, provisoriamente, o capitão pelo general.