O Brasil perdeu mais uma liderança indígena para a Covid-19. Morreu, nessa quinta-feira (21), vítima da doença, o professor, escritor e liderança indígena amazonense Ely Macuxy. Levantamento do consórcio de imprensa informa que a média de mortes no Estado do Amazonas continua subindo.
O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), disse que “existe a possibilidade de uma terceira onda ainda mais devastadora”. Nesta sexta-feira (22), o Estado do Amazonas registrou, pelo segundo dia seguido, uma média móvel de mortes acima de 100 por dia. Até as 13h desta sexta (22), o balanço dos dados apresentados por apenas sete das 27 unidades da Federação indicou que o Brasil acumula 214.447 mortes confirmadas por Covid-19 e 8.714.884 casos confirmados de contaminação.
Ely Macuxi, vítima da covid-19, foi uma importante liderança indígena. Com mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestrando em Antropologia Social, ele era escritor. Publicou o livro Ipaty: O Curumim da Selva (Paulinas). Atuou como assessor técnico do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena (CEEI/AM) e foi defensor incansável da educação escolar indígena de qualidade, respeitando a cultura e saberes tradicionais e com compromisso e lutas sociais especialmente junto ao movimento indígena.
“Assim sendo, é preciso dizer que os assédios sobre os Povos Indígenas não são somente sobre suas terras (minérios), seus campos (pastos naturais), rios (água doce) e florestas (madeiras), conhecimentos tradicionais (farmácia viva, microbiologias); se estendem também aos imaginários, aos conhecimentos ancestrais, tempos imemoriais, símbolos, mitos, línguas, filosofias e ciências, histórias, enredos, rituais, ritmos, cantos e poesias, sofisticadamente elaboradas há milhares de anos, expressões de sociabilidade vivenciadas e celebradas diariamente em seus rituais de celebração da vida”, escreveu o escritor.