Ex-mandatária brasileira, que preside atualmente a instituição também conhecida como ‘Banco do BRICS’, reforçou compromisso com sistema de pagamentos em moedas locais ‘para evitar variações de taxas de juros e de câmbios’
A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, foi uma das principais figuras do XXVII Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, no qual participou na qualidade de atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, por sua sigla em inglês), também conhecido como Banco do BRICS.
O evento foi realizado nesta quinta-feira (06/06), e teve como anfitrião o presidente russo Vladimir Putin, que recebeu pessoalmente a ex-mandatária brasileira, com quem teve uma reunião bilateral.
Durante cerimônia oficial, Dilma enfatizou o papel da Rússia para fortalecer o NDB, e afirmou que a contribuição de Moscou com o crescimento do banco tem sido “estratégica e fundamental, especialmente na questão relativa à missão desta em instituição em favor dos países em desenvolvimento”.
O trecho mais importante do discurso da presidente do NDB foi sua defesa da construção de um mundo multipolar, e foi marcado por críticas ao que ela chamou de “Norte Global” – termo que, por supor uma contraposição ao que se considera como Sul Global, seria uma referência aos países do G7.
“Os países do chamado Norte Global têm sido incapazes de fornecer soluções para os graves problemas que a humanidade enfrenta”, declarou Dilma, para, em seguida, assegurar que o NDB tem como missão “compensar justamente essa ausência de investimentos necessários” aos países em desenvolvimento.
A presidente destacou que o banco que ela comanda foi “feito por e para os países do Sul Global, e entre suas características importantes está o fato de que não impomos condicionalidades aos nossos membros”, ressaltou.
Outro momento destacado de sua apresentação foi o reforço ao compromisso do NDB em desenvolver um sistema de pagamentos de transações comerciais a partir das moedas locais dos países, sem a utilização do dólar.
“O compromisso do NDB é desenvolver toda uma associação em moedas locais e tornar visível algo que é muito grave para os países que não emitem moedas fortes, que é o fato de sofrerem as consequências das variações nas taxas de juro e nas taxas de câmbio”, comentou Dilma.
O fortalecimento de sistemas como esse, que favorecem a desdolarização das relações comerciais, também é um objetivo declarado do governo russo, devido às dezenas de sanções aplicadas pelos Estados Unidos e seus aliados contra o país.
O NDB foi criado em 2015 pelos cinco países que eram membros do bloco naquele então: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Curiosamente, Dilma era a presidente do Brasil naquele então, razão pela qual pode ser considerada como uma das “fundadoras” da instituição que ela atualmente preside.
Além dos cinco membros originais, o NDB também é composto pelos cinco países que ingressaram ao BRICS este ano: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã; além de Bangladesh e Uruguai, que não foram parte do BRICS, mas que estão listados como membros potenciais do banco, embora sujeitos ao cumprimento de requisitos para serem membros plenos.
(*) Por Victor Farinelli, São Vicente