Com a Covid-19, os especialistas mandam ter dois olhares. Um no instantâneo e outro do curto prazo. Eles têm razão. No dia 14 de abril, a Ilha de São Luís que compreende além da capital, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, registrava 32 novos casos da doença.
Os quatro municípios respondiam, há um mês, por 87,8% de todos os pacientes de coronavírus desde o início da pandemia. Mas, do dia 13 para o dia 14, a Ilha foi responsável por 48,5% dos novos casos. Ou seja, havia indícios claros de expansão para o continente que agora tinha mais da metade dos diagnósticos, embora continuasse com força em São Luís e na sua circunvizinhança.
Há um mês, a Secretaria de Estado da Saúde disponibilizava a taxa de ocupação das enfermarias e das Unidades de Tratamento Intensivo. A capital tinha 52,5% dos leitos de UTI ocupados e 62% dos leitos clínicos. No interior, esses números eram 5,7% e 7,5%, respectivamente. Após 30 dias, o Maranhão saltou de 24 municípios com o coronavírus para 173 e o continente tem agora a taxa de ocupação de UTIs na casa de 81,9% com colapso em hospitais privados de Imperatriz e no Macrorregional e ainda 50% para os leitos clínicos com ocupação superior a 90% na Região Tocantina.
A pandemia começou na China ainda em 2019 e a Europa e os EUA fizeram desdém, apesar dos seguidos avisos da OMS. Para o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não passava de uma “gripezinha”. Como disse Juana Carrasco Martín, da Juventud Rebeld, o coronavírus testa os governos e as pessoas.
O Brasil torna-se o epicentro da pandemia, mas as fake news continuam. Esta semana, um deputado estadual do PSL-CE, legenda que elegeu o presidente, publicou no seu Instagram que a Covid-19 provocou menos mortes este ano em Fortaleza do que no ano passado, somadas todas as síndromes respiratórias agudas graves.
Desde o começo de maio, o continente, seguidamente, apresenta mais casos do que a Ilha de São Luís, cuja curva ainda permanece em alta. Ontem, foram 368 novos casos, mais de 1.000% em um mês.
E as mortes chegarão com mais força no continente, em junho, caso a maioria das prefeituras permaneçam inertes e as populações continuem crendo em notícias falsas, como a cura pela cloroquina, abacaxi e até máscaras invisíveis feitas pela mão de Deus. Assim como aconteceu a inversão da curva dos casos no Maranhão, a evolução dos óbitos também será alterada nos municípios do interior.