Com exceção de Brasília, no dia 15 de novembro serão realizadas eleições municipais em 5.570 cidades brasileiras. É importante lembrar que os 32 municípios da RIDE (Região de Integrada de Desenvolvimento Econômico) do DF e Entorno participarão do processo, em articulação com o DF, visando maior integração da região e melhores resultados para a população local.
O município é o lugar onde habitamos, onde construímos nossa família e laços de amizade, solidariedade e identidade. Nele se dá a produção e reprodução da vida em suas mais diferentes dimensões: humanas, não humanas e a da natureza. Milton Santos, grande geógrafo brasileiro, na virada para o século XXI, nos alertava para a importância e força do local, num momento em que a globalização se popularizava como novidade e ameaça a vida das cidades, seus valores e práticas comunitárias. A sanha da acumulação capitalista já tornava visíveis, àquela altura, algumas de suas mais indesejáveis consequências.
O país enfrenta uma pandemia que já soma quase 130 mil mortes e infecta mais de 4 milhões de pessoas, cuja responsabilidade maior por esse quadro cabe a um governo inepto, irresponsável que além de insensível a tantas mortes, não esconde sua subserviência ao capital financeiro, aos mais ricos e aos EUA; promove a destruição da natureza, a entrega de nossos recursos naturais e implementa cruelmente nesse quadro de devastação, políticas ultraneoliberais que deixam na mais extrema pobreza e miséria milhões de brasileiros e brasileiras. Mas, lembremo-nos, dialeticamente, é do ambiente da crise aguda, que podem surgir propostas radicais que devolverão ao povo brasileiro a dignidade, os direitos e as condições de existência que têm sido dele usurpados, constante e covardemente.
Nessas eleições municipais está também colocado de forma central o desafio de somar energias e sinergias para a reconstrução do país soberano, mais igualitário e mais inclusivo, construído a duras penas, ao longo de mais de vinte anos, pelas forças de esquerda nos municípios, nas capitais e no governo federal. Esse projeto e tudo que ele tem e pode ainda realizar, está seriamente ameaçado por forças retrógradas, fascistas, instaladas no poder, à custa de mentiras, manipulação e fake news. É preciso organizar-se e preparar-se para enfrentá-las, denunciando suas mentiras e desmascarando seus engodos. O racha que hoje existe entre elas é momentâneo, e evidencia os limites da democracia do estado burguês.
Portanto, estamos diante de uma oportuna, importante e inadiável luta. Para ela, estamos todos convocados.
Este texto é dedicado a todos do campo da esquerda que, com ousadia, colocaram os nomes para a disputa nestas eleições. Muito especialmente, às mulheres de esquerda que, vencendo os obstáculos impostos pela pandemia, pela misoginia, pelo machismo e pelo patriarcado, deram, mais uma vez, um passo marcante para a luta e história das mulheres em nosso país. Parabéns!