O Rio Grande do Sul não está achando o seu caminho. Enfim, o governador, mesmo ilustrado, não aprendeu que é ao caminhar que se faz o caminho.
Voar de helicóptero fez nosso governador não ter os pés no chão.
Quem se afasta a estas alturas cria uma fenda abissal entre si e o povo e suas mazelas.
Não bastasse nossa crise climática com devastações brutais de regiões do Estado por ventos, chuvas, inundações, o Estado penava de duras secas antes dos dilúvios de 2023-24.
No Rio Grande do Sul, as estradas estaduais pedagiadas eram administradas pela Empresa Pública de Rodovias do Rio Grande do Sul (EGR). A EGR é responsável por 630,62 quilômetros de rodovias e 10 praças de pedágio.
O governo do Rio Grande do Sul quer lançar uma concessão de novas rodovias pedagiadas, com a previsão de instalação de free flow a cada 20 quilômetros. As estradas que fazem parte da concessão são: RS-128, RS-129, RS-130, RS-135, RS-324, RS-453. Pasmem, este chamado Bloco 2 fica exatamente quase todo no espaço geográfico devastado pelas águas, o Vale do Taquari, além da região Norte do Estado, mais castigada pelas secas passadas.
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Prefeitos, vice-prefeitos, vereadores/as, líderes de entidades empresarias, população em geral estão em palpos de aranha, tastaveando em busca de um caminho. O caminho de uma vida justa, sem atropelos dos poderes públicos.
E nestes momentos que pode irromper o perigo que o governador com sua miopia social não enxerga.
E isto é perigoso para todos os lados.
Vocês estão vendo a fúria do fogo devastando a Califórnia. Olha que o clima aqui está quente, só largar mais um estopim destes e tudo vai para o ar como as colunas de fogo de Hollywood.
Cuidado, governador, o senhor pode começar a receber um Manifesto, e se o senhor não tomar uma atitude de aliviar o bolso do povo que circula todos os dias por estas rodovias, o próximo passo nesta busca do caminho, pode ser algo mais bombástico.
O senhor que frequentou a Faculdade de Direito em Pelotas aprendeu o conceito de Desobediência Civil, o senhor como prefeito e governador a conheceu uma de nossas formas de desobediências civil, as greves.
E o que lhe espera se não mudar de posição será algo bem mais potente.
O senhor viu a devastação de nosso Estado, e se o senhor seguir na sua teimosia de cobrar as contas do povo, a força que virá de baixo para cima será mais do que a fúria das águas ou do fogo californiano.
(*) Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito.