Para Lula ou qualquer candidato que ele aponte ganhar, será necessário aliança muito maior do que a construída em 2002, isso dependerá principalmente do PT conseguir compreender e exercer seu protagonismo, será que o partido está ou estará preparado?
A questão se destrincha em dois raciocínios, o primeiro é o teto de popularidade e rejeição que atingidos até aqui, a margem sofrerá alterações, mas não será virtuosamente ampliada, para isso dependeríamos de uma retratação da imprensa e uma mudança de postura dos editoriais nacionais, reconhecimento dos erros cometidos pela Lava Jato contra Lula, José Dirceu, Vaccari Neto, Delúbio Soares e contra o PT, só assim conseguiríamos em curto prazo retomar credibilidade junto a um eleitorado que nos traria maioria simples e sem necessidade de grandes arroubos em concessões. Isso não é a realidade e sabemos, enfrentaremos um ataque maciço por parte da imprensa, que desde já tenta galgar uma terceira via que ainda não se viabilizou eleitoralmente, mas pode.
Outra reflexão se dá pela necessidade de recomposição da base social do país, uma reconstrução dos pactos rompidos desde o impedimento da Presidenta Dilma, o avanço do extremismo de direita e o dilaceramento do poder político, absorvido por uma agenda jurídica venal e politizada, por mais que as vezes camuflada, sem contar o nível de destruição e desconstrução do Estado País, provocada pelo atual governo, o descrédito internacional, a incapacidade de negociação e posicionamentos sobre assuntos relevantes no mundo atual, a acachapante queda de renda e de direitos dos trabalhadores, o aumento – potencializado pela pandemia – da miséria, da fome e os poucos recursos naturais e econômicos que teremos para uma retomada em curto prazo, o desafio será tão grande que somente um ambiente conciliador e de grande composição e concessões resultará em vitória do campo progressista e de Lula.
Não sou dos que acreditam que Lula por si só ganhará as eleições de 2022, se não voltarmos a dialogar com os setores mais complexos do empresariado, da elite nacional, dos conservadores que tem compreensão de Estado, conseguirmos propor a inciativa privada principalmente a indústria nacional uma agenda de retomada dos grandes pátios de engenharia, apaziguarmos as contendas com setores das igrejas evangélicas e católicas que dispersaram para uma agenda radicalizada e bélica, se não formos capazes de construir uma dinâmica que proporcione ao Brasil êxodo para um novo tempo, então 2022 será o ano do quase, onde tudo pode acontecer.
(*) Fernando Neto é ex-secretário de Estado no Governo do Distrito Federal