Notícia gerada a partir da divulgação de uma Nota Técnica circulou amplamente nos meios digitais e impressos do Brasil. O documento mostra um quadro promissor, mas não é conclusivo. O Jornal Brasil Popular teve acesso à “Nota Técnica sobre a Margem Equatorial Brasileira. Um novo ‘Pré-Sal’ no Arco Norte do Território Brasileiro?”
No texto, entregue à Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), os autores sugerem que se coloquem os blocos exploratórios da bacia sedimentar Pará-Maranhão nos próximos leilões da Agência Nacional de Petróleo.
O objetivo seria confirmar a existência de aproximadamente 30 bilhões de barris de petróleo em recursos prospectivos recuperáveis, o que significa algo em torno de 75 por cento das reservas já confirmadas no pré-sal do Sudeste brasileiro.
Os autores têm qualificação para levantar a ambiciosa hipótese. São eles: Allan Kardec Duailibe Barros Filho, professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP); Ronaldo Gomes Carmona, professor de Geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG); e Pedro Victor Zalán, presidente da ZAG Consultoria em Exploração de Petróleo.
Em matéria publicada pelo site especializado clickpetroleoegas, há a informação de que “o Maranhão foi indicado para entrar na 17ª rodada de licitações de áreas na Bacia Pará-Maranhão, porém os oito blocos sugeridos para exploração de petróleo foram excluídos da licitação, após manifestação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que indica a provável inviabilidade ambiental de empreendimento”. O motivo seria “o risco de olear a costa do Pará e do Maranhão e o Parcel de Manuel Luís”.
A Nota Técnica, no entanto, contesta a argumentação do Ibama. Kardec afirma que na exploração petrolífera em águas profundas no Brasil não há um caso sequer de derramamento de petróleo”.
Conforme explicado nesta Nota Técnica, a expressão “novo Pré-Sal” refere-se tão somente a reservas petrolíferas potencialmente recuperáveis nas bacias sedimentares brasileiras localizadas entre o litoral do Amapá e o litoral do Ceará. Por óbvio, dadas as características geológicas da franja marítima norte do Brasil, não se trata de exploração abaixo da camada de sal, inexistente naquela região.
Tampouco há confirmações – só possíveis por meio de campanhas exploratórias – dos volumes recuperáveis. A expressão “um novo Pré-Sal”, portanto, refere-se à expectativa, como comprovado na vizinha Guiana, da existência de campos de petróleo que combinados, apresentam volume comparável ao Pré-Sal no Sudeste brasileiro.