Programa Bem Viver entrevistou jornalista que acaba de lançar o livro ‘Ter medo de que? Textos sobre luta e lantejoula’
“Quando a gente vai observar, principalmente as periferias brasileiras, a gente vê justamente que é aliando luta e lantejoula que essas populações e grupos sobrevivem. Uma forma de fazer política [progressista] é observar esses grupos, as congadas, os maracatus, as rodas de samba, que são fenômenos criados por populações pretas e periféricas e que estão aí desde o período da escravidão, sobrevivendo. Essa sobrevivência não se dá se não tiver lantejoula”.
A ideia é da jornalista e professora Fabiana Moraes, que lançou recentemente o livro ‘Ter medo de que? Textos sobre luta e lantejoula’. A obra reúne textos publicados pela jornalista em algumas revistas e portais como o The Intercept Brasil, Gama e a revista Piauí. Em entrevista ao programa Bem Viver, Fabiana explica que a ideia por trás do título de seu novo livro remete à importância das festas e culturas populares na sobrevivência, especialmente dos mais vulneráveis.
Avaliando a atual situação política do país, Fabiana afirma que estamos vivendo um “terrorismo de mercado”. “A gente não pode deixar de observar como tem acontecido de maneira reiterada e canalha esse terrorismo de mercado, quando o país tem mostrado índices de controle de inflação, queda da pobreza e aumento de de número de pessoas empregadas. Tem esse sequestro dos agentes de mercado, muito inconformados com a questão do imposto de renda. O que está acontecendo agora, com as altas históricas do preço do dólar, isso é quase uma forma de produzir artificialmente uma supervalorização do preço dos alimentos, e isso é um efeito rebote de como a população vai ver esse governo”, considera.
Diante disso, a jornalista acredita que o atual governo deveria enfrentar mais ativamente esta narrativa. “Essa percepção de que as coisas não vão bem tem sido chamada de dissonância cognitiva coletiva, tem alguns autores trabalhando com isso. E por isso eu acho que a comunicação é uma das frentes que o governo precisa observar. Diante dessa dissonância cognitiva e da ação desses agentes de mercado, acho que tem que jogar com todas as frentes muito azeitadas, e a comunicação é uma delas”, defende.