Matriarca foi assassinada na última quinta-feira (17); velório foi marcado por homenagens, música e ancestralidade
O governo da Bahia retirou familiares da líder quilombola Bernadete Pacífico do Quilombo de Pitanga dos Palmares, como medida de proteção. A ativista foi assassinada dentro de casa, na última quinta-feira (17), aos 72 anos.
Estabelecida na região desde o século XIX, a comunidade é descendente de trabalhadores e trabalhadoras vítimas da escravidão, que formaram grupos e territórios de resistência desde o período colonial. Há décadas, as famílias do território lutam contra as consequências de grandes empreendimentos públicos e privados; e convivem com forte especulação imobiliária empresarial e violência.
Neste sábado (19), a secretária de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia, Ângela Guimarães, informou que parentes de mãe Bernadete deixaram o local. Alem disso, segundo ela, equipes da pasta e da polícia permanecem no quilombo para assegurar proteção a moradores e moradoras.
“Obviamente a comunidade está assustada, porque ninguém esperava uma situação tão brutal e tão torpe. Estamos com a presença da Polícia Militar e retiramos os familiares para eles não ficarem na comunidade. Também estamos identificando as pessoas que necessitem dos programas de proteção a vítimas e de defensores de direitos humanos”, disse Ângela à Agência Brasil.
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Ela ressaltou ainda que o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), determinou investigação rigorosa por parte das polícias Militar e Civil. A Polícia Federal também atua para descobrir os mandantes e os executores do crime.
Bernadete Pacífico é uma liderança histórica da região de Simões Filho (BA), município da região metropolitana de Salvador, onde está localizado o Quilombo Pitanga dos Palmares. Ela já havia denunciado ser alvo de ameaças e estava sob proteção policial.
A liderança foi executada enquanto assistia televisão com os netos por dois homens de capacete que invadiram a casa. Mãe Bernadete Pacífico foi enterrada neste sábado, na capital baiana. Ela está ao lado do filho, Flávio Gabriel Pacifico, que também foi morto em um atentado.
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Velada em uma cerimônia candomblecista no quilombo, a ativista foi levada ao cemitério em um caminhão do Corpo de Bombeiros, que chegou em carreata a Salvador e percorreu as ruas de Simões Filho acompanhado por uma caminhada em homenagem à matriarca.
O velório e o trajeto foram tomados por música. Bernadete Pacífico foi lembrada com samba, o que era desejo expresso dela. Neste sábado (19), a Organização das Nações Unidas (ONU) convocou o Estado Brasileiro a realizar uma investigação “célere, imparcial e transparente”.
Com informações da Agência Brasil
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