Numa madrugada [era o único momento em que podíamos estar a sós e planejar novas futuras ações sem perigo de interrupções], sentados num banco da Praça da Bandeira, perto do obelisco [popularmente conhecido como “Pau de Clóvis”, por ter sido construído na gestão do então prefeito Clóvis Araújo], em dado momento, já quase 2 horas, ele sugeriu que, ainda mantendo o nome original de Biblioteca Campesina, acrescentássemos outro: Casa da Cultura Antonio Lisboa de Morais, iniciativa com a qual mataríamos três coelhos de uma cajadada só.
Primeiro, dar à entidade personalidade jurídica, ferramenta imprescindível a ser exigida por órgãos governamentais ou não, prováveis propiciadores de aportes financeiros.
Segundo, ampliar o raio de ação da biblioteca, tornando-a, mais que um amontoado de estantes repletas de livros, um centro de pesquisas e documentação visando brindar futuros pesquisadores oriundos inclusive de grandes centros com materiais impressos e audiovisuais necessários às teses, seja de doutorado, mestrado ou de qualquer experimento científico.
E, por fim, ao ter a entidade o nome de Antonio Lisboa, se estaria dando um tapa de luva de pelica na cara da burguesia local, direitista, apoiadora do golpe de 1º de abril de 1964, agora ex-amigos que submeteram o pai de Clodomir Morais, este preso e depois exilado no Chile, a um cruel isolamento, tremenda covardia, que o levou, aos 66 anos, a um suicídio coberto de mistérios.
Garimpei modelos de estatutos, enxugando, tirando gorduras, até que finalmente elaborei um com 9 artigos, uma página, abaixo o burocratismo.
Ao longo dessa longa e sinuosa estrada a CASA encarou obstáculos adoidado, como era de se esperar.
Inimigos externos [inclusive a famigerada TFP-Sociedade Brasileira para defesa da Tradição, Família e Propriedade] e internos.
Estes últimos foram as ervas mais daninhas que encaramos, tentaram minar as bases da instituição por dentro. Em vão, dançaram, expurgo neles!
A CASA está recém reformada, com nova bela estampa, graças a uma campanha coordenada por Angélica Rodrigues, museóloga, coordenadora da Biblioteca Eugênio Lyra em Santa Maria, e pelo companheiro Oliverio Medina, dirigente do partido político COMUNES da Colômbia.
O nomes de colaboradoras e colaboradores para essa empreitada exitosa serão publicados em breve.
E pra culminar com todas estas boas-novas, a Campesina [depois de 5 anos sem], conta desde 4 de janeiro com nova bibliotecária, Thaise Diamantino, QI muito acima da média, amante dos livros, leitora de todas as horas, ademais de ser vice-presidente da Casa da Cultura. Feliz coincidência, ela aniversaria neste mesmo 7-M.
Agora é só comemorar e continuar tocando o barco da utopia e a nau da alegria.
(*) Por Joaquim Lisboa Neto, coordenador na Biblioteca Campesina, em Santa Maria da Vitória, Bahia; ativista político de esquerda, militante em prol da soberania nacional.
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