Essa frase pinçada do repleto de lances hilariantes romance “O Grande Mentecapto”, de Fernando Sabino, me relembrou um acontecimento da minha segunda infância, à beira da adolescência.
Foi mais uma daquelas aventuras, ou desventura neste caso, em que eu me propunha fazer papel de sádico mas o desfecho deu resultado avesso.
Chegando em casa na Ruy Barbosa, onde morava com meus avós maternos Mário Campos e Maria Evangelista, vejo no galho do pé de manguba perto da calçada uma casa de marimbondos.
Pensei com meus botões: vou lhes derribar já já seus cabras-véi-sem-vergonha.
E tome pedradas!
Uma, duas, três, quatro, sempre errando o alvo.
Lá pela quinta ou sexta, já ciente de novamente não acertar no alvo, agachei para pegar a próxima pedra a ser arremessada.
Quando me ergui pra seguinte arremetida, vejo descendo na direção do meu rosto, em queda vertiginosa, a almejada e nunca alvejada casa dos inocentes vespídeos.
Chuva de marimbondos na minha infantil cara, cara!
Que loucura! Rosto inchado. Febre imediata.
E, pra completar, uma antológica surra de chicote aplicada com maestria pela vó Maria.
Como diria meu saudoso grande amigo Erotides: bem feito! Além da queda, coice!
Pra que aprendás cabra da peste!
Biblioteca Campesina, 24 fev 2024