Estamos diante de uma nova emergência nacional: em 2022, 33,1 milhões de pessoas estão passando fome no Brasil; mais da metade da população brasileira (58,7%) está em insegurança alimentar em algum nível; e de 10 famílias apenas 4 possuem acesso total à alimentação.
Esses e outros dados chocantes e gravíssimos estão no “2ºInquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil” realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). 14 milhões de brasileiros a mais passam fome em comparação com a última pesquisa realizada, em 2020. Esse é o pior cenário já registrado no século 21 no Brasil.
Segundo a ONU, somos o único país do mundo que saiu do mapa da fome graças a aplicação de políticas públicas de combate à fome bem consolidadas e retornou a ele sem passar por uma guerra.
Retornamos ao mapa da fome pela irresponsabilidade de um governo que desmontou políticas públicas consistentes, que é imprudente na condução da pandemia da Covid-19, que é desapropriado para gerir a economia brasileira e incentiva as desigualdades sociais.
O Brasil contou com diversas estratégias de combate à fome. Nos governos Lula e Dilma a fome era colocada como prioridade, como no aumento da renda dos mais pobres, incentivo a programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), fortalecimento da agricultura familiar e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar – Consea. Todas essas estratégias foram desmanteladas pelo governo Bolsonaro.
Tenho muito orgulho de ter participado da elaboração do Guia Alimentar para a População Brasileira da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional quando fui Ministro da Saúde. Saúde e alimentação caminham juntas, no incentivo à agricultura familiar, na inclusão de produtos orgânicos nas refeições e no impacto do uso de agrotóxicos.
Instrumentos que o Congresso Nacional construiu para o combate à pandemia da Covid-19 devem ser analisados e reforçados para enfrentarmos essa nova emergência nacional. Vamos recuperar nossas políticas públicas de combate à fome, dar mais oportunidade e diminuir a dor dos brasileiros que se sentem invisíveis e desvalorizados por um governo onde o povo não é sua prioridade.
(*) Por Alexandre Padilha, médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.
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