Kassab participou do evento e descartou abrir mão da cabeça de chapa para apoiar Correia; prefeito afirmou ter o desejo de contar com Alexandre Kalil no palanque
Após meses de indefinição, o PSD lançou nesta segunda-feira (26) a pré-candidatura à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD). Com a promessa de formar uma frente ampla progressista, reunindo partidos de centro à esquerda, a sinalização durante o evento foi de que o grupo trabalha com uma aliança com o PT, mas apenas no segundo turno, confirmando as informações de bastidores de que Lula não deve se envolver nas alianças do pleito municipal em um primeiro momento.
Conforme publicação de O TEMPO, há um entendimento de que o lançamento da candidatura de Rogério Correia (PT) à PBH seria uma maneira de o partido “marcar território” e retomar algum protagonismo no Estado após o desgaste sofrido pelo partido com a gestão de Fernando Pimentel (PT), que deixou o governo de Minas com alto índice de reprovação. Na avaliação de interlocutores da legenda, ainda que não venha a obter votos suficientes no primeiro turno, Correia poderia usar a candidatura para negociar espaço em uma eventual aliança no segundo turno.
Para Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, que hoje faz parte da base de governo Lula (PT), é natural que os petistas queiram ter candidatura própria na capital. No entanto, para ele, a candidatura de Correia não é um obstáculo para uma aliança.
“É legítima a aspiração do deputado, (ele) quer ampliar o arco de alianças. Mas é evidente que um partido como o PSD também procure se apresentar com candidaturas próprias”, afirmou. Kassab destacou que não há chance de o PSD abrir mão da candidatura de Fuad para apoiar Correia.
“Quando o prefeito se dispõe a continuar e está fazendo um bom trabalho, fica inviabilizada essa pretensão do deputado e que o partido abra esse tipo de conversa. Mas (o Rogério) é um aliado muito importante que vai estar conosco no segundo turno – espero que isso aconteça, porque é nossa intenção levar Fuad ao segundo turno”, disse Kassab no evento, que contou com a presença dos quadros do PV e do PCdoB, que compõem uma federação com o PT.
Kalil. Sem citar possíveis nomes para seu vice, Fuad reforçou que pretende unir forças com outras lideranças. Em seu discurso, admitiu o desejo de ter o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) no palanque.
Apesar dos elogios, Kalil não compareceu ao evento e até o momento não sinalizou apoio a nenhum pré-candidato à prefeitura. Noman era vice de Kalil e assumiu em março de 2022, quando o ex-prefeito disputou o governo de Minas. À época, Fuad não participou da campanha de Kalil e desde então os dois se distanciaram.
“Estive com o ex-prefeito Kalil há cerca de 15 dias e o convidei para cá, mas ele estava com viagem marcada com a esposa para a Europa. Fui procurar o prefeito Kalil, logicamente, sendo amigo. Trabalhamos juntos durante todo o mandato dele. Espero que ele possa vir. Todos aqueles que queiram apoiar nossa campanha, receberemos de braços abertos. Vai depender dele (o apoio), ele deixou resolver essas coisas quando voltar”, afirmou Fuad que garantiu que irá procurar o ex-prefeito para mais uma conversa.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ele está à disposição “para fazer o elo” com outros partidos para a construção de uma frente progressista. No ano passado, o ministro gravou um vídeo que foi exibido no lançamento da pré-candidatura de Rogério Correia. A gravação gerou um mal-estar com interlocutores de Fuad à época, evidenciando um racha no partido.
“Até o período das convenções, temos um grande desafio de construir alianças que ajudem Belo Horizonte a continuar no rumo certo, continuar crescendo, cuidando dos belo-horizontinos e ficando no campo certo, ao lado do presidente Lula, onde o Fuad já esteve nas última eleições”, afirmou Silveira, que destacou a fala da ministra Marina Silva durante o lançamento da pré-candidatura da deputada estadual, Ana Paula Siqueira (Rede), no último fim de semana.
“Nesse ponto tenho uma grande convergência com o que disse a Marina Silva. Temos que lutar para construir uma grande frente, mas respeitando os interesses pontuais dos partidos políticos. (…) Até lá, cada um vai com seus candidatos. BH é uma cidade com eleição de dois turnos e é importante manter o respeito, a serenidade e que defenda os projetos”, concluiu o ministro.
‘Aliança com Aro vale só para a Câmara, até 31 de dezembro’
Segundo apuração de O Tempo, a aliança do prefeito Fuad Noman (PSD) e do secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro, gerou insatisfação em parte do PSD devido ao espaço dado por Fuad a outros partidos na administração municipal, em troca de apoio da Câmara Municipal. A aliança do prefeito com o grupo político de Aro, especificamente, incomodou integrantes do partido em Minas, que cogitaram pedir a expulsão de Fuad do partido.
Na avaliação de alguns interlocutores, foi a aliança de Aro com Fuad que provocou a dificuldade de um consenso em torno do nome do prefeito à reeleição pelo partido. Fuad teria sido aceito pelos pessedistas menos simpáticos após correligionários chegarem à conclusão de que não há outros nomes na legenda para a disputa.
Um dos mais críticos de Fuad à época, o líder da bancada mineira na Câmara Federal, o deputado federal Luiz Fernando Faria (PSD), não compareceu ao evento de ontem, assim como alguns integrantes da bancada federal do partido.
De acordo com Fuad, a aliança com o secretário de Casa Civil, Marcelo Aro, não tem “compromisso eleitoral”. Segundo o prefeito, o acordo vale até 31 de dezembro de 2024. “Se ele quiser me apoiar será bem-vindo. A combinação com ele é governamental. Ele tem três secretarias que garantem os votos lá (na Câmara). Isso continua. Nossa combinação foi até 31 de dezembro de 2024, por governabilidade”, explicou.
Pacheco. Apesar da presença confirmada, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), não foi ao evento, sob o argumento de ter compromissos em Brasília.