Nos idos de 1979, um grupo de negros e negras de Brasília inspirados na resistência característica dos povos africanos escravizados e com o sentimento de resgatar a cultura e seus valores trazidos por mulheres e homens oriundos de países hoje denominados Mauritânia, Gâmbia, Guiné Bissau, República da Guiné, Serra Leoa e Costa do Marfim, todos da África Subsaariana, criou o Centro de Estudos Afro-Brasileiro (CEAB).
Em seu livro Escravidão, Laurentino Gomes, destaca: ” No continente africano, cada povo, etnia e região detinha experiências, informações e habilidades singulares que eram do alto interesse dos colonizadores e, que, por isso, pagavam também preço diferenciado de acordo com essas especializações. Africanos escravizados na chamada alta Guiné (…) eram habilidosos criadores de gado e foram utilizados intensamente na atividade pecuária do interior do Brasil e outras regiões da América. Um pouco mais ao sul onde hoje estão Guiné Bissau (…) praticava-se havia muitos séculos o cultivo do arroz. (…) Africanos escravizados do Congo onde a metalurgia era já bastante desenvolvida antes da chegada dos portugueses à África Subsaariana desenvolveram a indústria do cobre em Santiago de Cuba e trabalharam nela assim como fizeram nas forjas e fábricas rudimentares de ferro no interior do Brasil, onde estiveram em grande demanda por séculos. Em outras regiões eram mergulhadores especializados na coleta de pedras marinhas.
Ao longo de quase quatro séculos de escravidão na América os africanos trabalharam como ferreiros, metalúrgicos, escultores e gravadores, prateiros e ourives, ferramenteiros, curtidos de couro e carne salgada, sapateiros, seleiros, tanoeiros, cocheiros, criadores e treinadores de cavalo, vaqueiros, carpinteiros, marinheiros, tecelões e pintores de tecido, alfaiates e cozinheiras, cozinheiros, ceramistas, salineiros, projetistas e construtores de casas, armazéns, edifícios públicos, igrejas, estradas, canais e represas, entre outras atividades.”
O Centro de Estudos Afro-Brasileiros realizava atividades dos mais variados ramos da criatividade, com base na africanidade, ao tempo em que dialogava no sentido de alertar a sociedade para o racismo e a necessidade de superá-lo. Sempre em parceria com o movimento negro de Brasilia e em correspondência com o do país.
O Brasil estava sob uma ditadura e as vozes das ruas não eram ouvidas, mesmo assim cresciam as reivindicações em prol do respeito à dignidade da comunidade negra, denunciava-se o preconceito, a discriminação e o racismo que vitimam negros e negras.
Ansiava-se por um mecanismo dentro do estado brasileiro que priorizasse o resgate, a preservação, o estudo, a pesquisa, a difusão e os valores africanos componentes da identidade nacional, a partir da cultura.
1988: País redemocratizado, Constituinte, movimentos sociais em ebulição, as chamadas minorias exigindo direitos.
Neste contexto, nasceu a Fundação Cultural Palmares vinculada ao Ministério da Cultura criada pela Lei nº 7.668, de 22 de agosto de 1988, com a finalidade “de promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influencia negra na formação da sociedade brasileira.” (Art. 1°).
Hoje a entidade está sob a administração de um presidente que não respeita os postulados legais. Despreza toda a experiência acumulada mercê do trabalho cotidiano de gente que busca colaborar para uma crescente consciência de país fundado na africanidade.
Ao longo de todo esse tempo a Fundação, por seus diretores, cumpriu com os objetivos emanados da legislação, desde atividades culturais propriamente ditas aos territórios habitados por remanescentes dos quilombos.
Há 33 anos, a sociedade aplaude o surgimento de uma instituição dedicada ao legado negro/africano: a Fundação Cultural Palmares.
(*) Por Carlos Moura, fundador e primeiro presidente da Fundação Cultural Palmares e membro do Conselho Consultivo da Universidade de São Paulo (USP).
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