Desvalorização do real é um dos fatores que provocam o aumento do preço dos combustíveis e pioram a vida do brasileiro, mas, para o ministro da Economia isso é bom porque ele lucra R$ 14 mil por dia com essa desvalorização
A Petrobras anunciou, nesta sexta-feira (8), mais um reajuste nos preços da gasolina e do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha. O litro da gasolina vai ficar R$ 0,20 mais caro a partir deste sábado (9), e o quilo do GLP vai subir R$ 0,26. Com isso, a gasolina sofre aumento de 7,22% no seu preço médio para as distribuidoras e, o gás de cozinha (botijão de 13 kg), 7,19%, e vai sair das refinarias da estatal custando R$ 50,15 para as distribuidoras.
Para a gasolina A (sem adição de álcool anidro), o preço médio de venda da Petrobras, para as distribuidoras, passará de R$ 2,78 para R$ 2,98 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço da gasolina na bomba passará a ser de R$ 2,18 por litro em média. A variação é de R$ 0,15 por litro, segundo a empresa.
O fato é que, em 12 meses, gasolina sobe 40% e, gás de botijão, 34%. O principal “motor” das altas da gasolina e do diesel vem sendo o real desvalorizado. Até agosto, o dólar – moeda à qual o valor do petróleo é atrelado – acumulava alta de 0,46% sobre o real este ano. Em março, no entanto, essa valorização chegou a 11%. Para o Brasil, a desvalorização do real é uma tragédia. Mas, para o ministro da Economia, Paulo Guedes, é lucro diário e dinheiro na conta.
Segundo informações do Correio do Povo,”a desvalorização do real durante o comando de Guedes no Ministério da Economia fez com que seu investimento, de R$ 35 milhões em agosto de 2015, hoje seja estimado em mais de R$ 51 milhões”. O jornal indica, ainda, que, “no último dia do governo de Michel Temer, em 31 de dezembro de 2018, o dólar comercial custava R$ 3,87. Já neste domingo, dia em que foi divulgada a “Pandora Papers”, cada dólar equivale a R$ 5,37. Dessa forma, Guedes lucrou aproximadamente R$ 14 mil por dia durante os 1.004 dias do governo Bolsonaro”.
Assim, com o novo aumento desta sexta-feira (8/10), O preço médio de venda do GLP da Petrobras, para as distribuidoras, passará de R$ 3,60 para R$ 3,86 por kg. O preço do produto não era reajustado havia 95 dias. A avaliação da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) é de que o aumento da gasolina, após 58 dias de estabilidade, não é suficiente para equiparar os preços da Petrobras aos do mercado internacional, onde o produto e também sua matéria-prima, o petróleo, estão em recorrente valorização.
“Com o aumento anunciado, as janelas para importações continuam muito fechadas”, afirmou Sérgio Araújo, presidente da Abicom. A Petrobras, em comunicado à imprensa, admite que o aumento reflete apenas parte da alta externa. A companhia fala em “elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial, e da taxa de câmbio, dado o fortalecimento do dólar em âmbito global”.
“Desta forma, a partir de sábado, (09/10), o preço médio de venda do GLP da Petrobras, para as distribuidoras, passará de R$ 3,60 para R$ 3,86 por kg, equivalente a R$ 50,15 por 13kg, refletindo reajuste médio de R$ 0,26 por kg”, escreveu a empresa em comunicado distribuído à imprensa. “Para a gasolina A, o preço médio de venda da Petrobras, para as distribuidoras, passará de R$ 2,78 para R$ 2,98 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,20 por litro”, informa a revista Carta Capital em matéria sobre o aumento.
No grupo de alimentos, segundo o periódico, “destaque ainda para a disparada em 12 meses nos preços do pimentão (96,34%), da abobrinha (64,93%), do repolho (57,90%), da batata doce (54,28%) e do pepino (52,56%). Entre as carnes, subiram mais no acumulado o filé-mignon (37,57%), a pá (34,59%), a de carneiro (31,95%), o músculo (31,30%) e o lagarto comum (30,81%). O frango ficou 29,80% mais caro”, diz.
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
Apuração da Carta Capital indica também que o IPCA acelerou de 0,87% em agosto para 1,16% em setembro, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira 8 pelo IBGE. Trata-se do maior índice para o mês desde 1994. Não obstante, o presidente Jair Bolsonaro se divide entre a negação de sua responsabilidade e o deboche. No acumulado de 12 meses, a inflação chegou a 10,25%, a mais elevada taxa anual desde fevereiro de 2016. No ano, o IPCA soma 6,90% de alta.
A meta central do governo Bolsonaro para a inflação em 2021 era de 3,75%, com um intervalo de tolerância entre 2,25% e 5,25%. No final de setembro, o Banco Central ajustou de 5,8% para 8,5% sua estimativa de inflação para o ano, uma confissão do estouro do teto. Embora a carestia alcance praticamente todos os grupos considerados, alguns itens provocam maior impacto. Eis a alta acumulada em 12 meses de alguns dos produtos e serviços que dinamitam o bolso dos brasileiros:
Passagens aéreas: 56,81%
Gasolina: 39,60%
Gás de botijão: 34,67%
Energia elétrica residencial: 28,82%
Café moído: 28,54%
Carnes em geral: 24,84%