Em resposta ao anúncio do governo Bolsonaro de aumento salarial para policiais, uma paralisação no funcionalismo público foi convocada. Para discutir os impactos dessa crise, a Sputnik Brasil ouviu o cientista político Guilherme Carvalhido, que alertou para o risco de aumento do desgaste da imagem do presidente brasileiro.
Na terça-feira (18), está marcada uma paralisação dos funcionários de carreira, considerados a “elite” do funcionalismo públicono Brasil. O ato busca cobrar reajuste salarial do governo do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL). O movimento deve juntar ainda servidores do IBAMA e do ICMBio e recebe apoio da base dos servidores federais
A paralisação é uma resposta às intenções do governo federal de garantir aumentos salariais a policiais, considerados parte da base de apoio de Bolsonaro. A medida foi anunciada ainda em dezembro do ano passado e gerou inquietação no funcionalismo público.
Diante do ocorrido, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) aprovou paralisação da categoria nos dias 18, 25 e 26 de janeiro. A entidade reúne funcionários com poder de pressão de instituições como a Receita Federal, o Banco Central e também da diplomacia.
Em Brasília, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (à direita) aponta na direção do ministro da Economia, Paulo Guedes (à esquerda), que gesticula. Foto de arquivo – Sputnik Brasil, 1920, 17.01.2022
Para Guilherme Carvalhido, cientista político e professor da Universidade Veiga de Almeida, a paralisação cria problemas sociais e políticos, e a responsabilidade pelas consequências do movimento deve cair sobre os ombros do governo federal. Segundo o pesquisador, ao privilegiar determinadas categorias do funcionalismo público em detrimento de outras, o Planalto gerou “instabilidade” entre os servidores públicos.
“O que traz para o próprio governo um momento complicado, sobretudo em um ano eleitoral, em que o governo precisa demonstrar competência e resultados na sua administração”, avalia o cientista político em entrevista à Sputnik Brasil.
É evidente para Carvalhido que Bolsonaro busca fortalecer sua base de apoio com a medidas, visto que não há espaço no orçamento para garantir aumento para as demais categorias. A instabilidade gerada pela escolha, porém, pode desgastar a imagem do governo, que tem como característica movimentos em direção à sua base de apoio, explica o cientista político.
“Privilegiar alguns em detrimento de outros não traz uma justificativa. Seria mais adequado do ponto de vista orçamentário e até mesmo político que o presidente conseguisse equilibrar para o funcionalismo um aumento que contemple todas as categorias”, afirma.
Carvalhido ressalta ainda que esse tipo de medida é comum em anos eleitorais, mas por si só não é capaz de garantir vitórias nas urnas. Segundo o pesquisador, o conjunto de medidas do governo deve ser levado em conta nessa avaliação.
“É normal isso acontecer, no entanto, isso não garante o sucesso eleitoral daqueles que estão concedendo esses aumentos. Pelo contrário, na verdade, às vezes você tem um governo ruim, muito mal-executado, que mesmo com essa variável de aumento não conseguirá ter o sucesso eleitoral”, salienta.
Desgaste político ‘irreversível’
A popularidade do presidente Bolsonaro está em queda ao longo da pandemia da COVID-19. Carvalhido acredita que o presidente perdeu apoio entre os eleitores devido à gestão da crise sanitária, que vitimou mais de 620 mil brasileiros, mas também pelo que chama de “letargia” da atividade econômica.
Segundo o pesquisador, há uma tendência para que nas eleições presidenciais deste ano o eleitorado prefira “votar com o bolso”, tendo em vista indicadores como a inflação. Em 2021, a inflação oficial divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em 10,6%, a maior desde 2015.
“Tivemos um movimento de gerenciamento negativo da economia, sobretudo no ano de 2021 em que houve fraco crescimento econômico e uma inflação alta – o que é um cenário muito ruim para o brasileiro médio. […] E o brasileiro coloca essas dificuldades na conta dos governos, sobretudo o governo federal”, afirma, acrescentando que esse quadro impõe ao governo Bolsonaro um desgaste “provavelmente irreversível” e que dificulta sua eventual reeleição.
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