Com o propósito de tentar reestruturar o Carnaval em Brasília, o Governo do Distrito Federal (GDF) lançou edital no final do mês passado em que disponibilizará R$ 1,5 milhão para que a Organização da Sociedade Civil (OSC) ganhadora do chamamento público possa gerenciar o projeto Escola de Carnaval. O objetivo é desenvolver a iniciativa em todas as 33 Regiões Administrativas (RAs) no DF. O prazo do edital termina nesta sexta-feira (15).
A previsão é que a Secretaria de Cultura e Economia Criativa no Distrito Federal (Secec) libere o recurso para a OSC até o final deste mês. A promessa é que outros R$ 3,5 milhões sejam liberados até o fim deste ano para as escolas de samba e blocos de rua. Seria uma espécie de auxílio emergencial para reestruturar cerca de 18 escolas que ainda permanecem em atividade no Carnaval de Brasília.
A quatro meses do Carnaval do ano que vem o secretário da Secec, Bartolomeu Rodrigues, afirmou que será muito difícil colocar as escolas de samba na rua em 2022. Segundo ele, devido à Covido-19. Mesmo com a vacinação avançando, o GDF afirma que ainda não é seguro promover aglomerações. De fato, a pandemia ainda não acabou e nem a metade da população está vacinada. Mas não é exatamente a pandemia que vem inviabilizando a realização do Carnaval nos últimos anos.
A última vez que os desfiles aconteceram foi em 2014. Desde 2015 as escolas de samba não se apresentam em Brasília. Serão oito anos seguidos sem exibições, caso se confirme a não realização em 2022, sendo que por seis anos as apresentações não ocorreram por falta de recursos. “O samba não pode morrer e o show tem que continuar”, disse o secretário numa cerimônia com representantes da cultura. O samba não morreu, é verdade. Mas o show está longe de recomeçar.
Rafael Fernandes de Souza, presidente da Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc), escola recordista de campeonatos com 31 títulos e que completa 60 anos no próximo dia 21, destacou a importância de recursos e de uma reestruturação para que os desfiles em Brasília possam retornar em 2023.
“Nossa expectativa é que possamos voltar em 2023, mas é necessário recurso. Teremos ainda que nos reestruturar, porque muitas pessoas tiveram que ir trabalhar em outras áreas após tantos anos de interrupções”, disse Souza.
Na avaliação do presidente da Império do Guará, Edvaldo Lucas, o recurso é bem vindo, mas ainda não é suficiente. “Estamos a sete anos sem carnaval aqui em Brasília. Esse recuso vai ajudar na reestruturação das escolas, já que muitas escolas estão sem investimentos e até carros alegóricos”, disse.
Geomar Leite, mais conhecido como Pará, que é presidente da Águia Imperial de Ceilândia, disse que períodos tão longos sem a realização dos desfiles é muito ruim para a comunidade. “Isso é muito ruim para a cultura, especialmente a popular. No caso do carnaval, quando se passa tanto tempo assim é um prejuízo muito grande, porque a comunidade vai dispersando e o Carnaval vai se desprofissionalizando”, aponta.