Associação da Imprensa Estrangeira em Israel e nos Territórios Palestinos Ocupados comparou decisão às medidas impostas contra o canal pelo governo sionista de Benjamin Netanyahu
A Associação da Imprensa Estrangeira em Israel e nos Territórios Palestinos Ocupados publicou uma nota nesta quinta-feira (02/01) na qual condena a decisão anunciada um dia antes pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) de suspender as transmissões do canal Al Jazeera dentro do território da Cisjordânia.
“Esta ação levanta sérias dúvidas sobre a liberdade de imprensa e os valores democráticos na região”, afirmou o comunicado da entidade.
Para os jornalistas, o trabalho da Al Jazeera “tem sido uma fonte de informações valiosas sobre a situação nos territórios palestinos, incluindo Gaza”. A nota concluiu com um apelo à ANP para que retifique sua decisão.
No comunicado, a associação dos correspondentes compara a medida da autoridade palestina com as políticas que o governo sionista de Israel também tem adotado contra a emissora do Catar desde outubro de 2023, quando se iniciou o massacre promovido pelas forças israelenses contra os palestinos residentes na Faixa de Gaza.
Em abril de 2024, o governo do premiê Benjamin Netanyahu chegou a ordenar o fechamento do escritório da Al Jazeera em Tel Aviv, e posteriormente realizou uma operação militar nos estúdios do canal na capital israelense.
As duas ações do Executivo israelense contra o canal catari ocorreram dias depois de o Parlamento do país aprovar uma lei que permite “interromper a transmissão de canais estrangeiros que divulgam conteúdos que atentem contra a segurança do Estado”, medida que também foi criticada por diversas entidades de jornalistas que atuam na região do Oriente Médio.
Outro ponto de controvérsia sobre a decisão das autoridades palestinas é que ela surge depois de quase um mês de confrontos entre forças de segurança ligadas à ANP e grupos ligados ao Hamas que atuam no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia.
Essas ações comandadas pela ANP foram criticadas recentemente em uma reportagem da Al Jazeera, que atribuiu tal política a um suposto esforço da ANP para mostrar ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que poderia ser um parceiro de segurança útil na região.
Em comunicado oficial, a ANP afirmou que o canal do Catar estava “incitação à sedição” nos territórios da Cisjordânia, e que a censura às transmissões no território estará vigente “até que seja resolvida a questão de sua situação jurídica”.