Proner e Uchôa afirmam que fala de Lula é correta e está em sintonia com o direito internacional
A declaração do presidente Lula comparando a guerra de Israel em Gaza ao que os nazistas fizeram com os judeus foi defendida por dois juristas especialistas em direito internacional e direitos humanos.
A declaração de Lula gerou reações de Israel – que declarou o presidente como persona non grata – e tem sido tratada na grande mídia como o estopim de uma crise diplomática. O primeiro-ministro israelense Netanyahu afirmou que o presidente brasileiro banalizou o holocausto e desonrou a memória de 6 milhões de judeus vítimas do regime nazista, além de ter ignorado que Israel luta contra o Hamas em “legítima defesa”.
“Mais de 28 mil mortes em Gaza dão direito a Lula – e mesmo o dever – de se pronunciar contra a barbárie“, declarou Proner. “Os ofendidos com a fala de Lula contra Gaza seguem assumindo como legítima defesa a eliminação indistinta por bombas, soterramento, asfixia indiscriminada em túneis com o uso de água e gás, morte por falta de comida e de água, e todos os cruéis tipos de ataques contra civis”, acrescentou.
A guerra de Israel contra o Hamas já deixou quase 29 mil palestinos mortos em Gaza desde os ataques que começaram em outubro de 2023.
Para Marcelo Uchôa, professor de direito internacional público e teoria dos direitos humanos, “Lula acertou em cheio: genocídio é genocídio.”
Conselheiro da Comissão de Anistia, Uchôa endossou a crítica de Carol Proner e disse que Lula tem o dever, “como grande estadista e humanista que é”, de “condenar veementemente a matança indiscriminada ora posta em curso pelo governo sionista de Netanyahu contra o povo palestino, algo que evidentemente encontra paralelo no mesmo ânimo de extinção étnica que aconteceu contra os judeus durante o Holocausto.”
Para Uchôa, ao contrário do que dizem os opositores que querem seu impeachment, Lula está cumprimento o direito internacional e a Constituição, que enumera os princípios que regem as relações internacionais: prevalência dos direitos humanos, defesa da paz e solução pacífica dos conflitos.
Ao final, ele parabenizou Lula “pela coragem de chamar de genocídio um genocídio” e por “buscar o pronto restabelecimento da paz na região”. “Que agora o Sul Global se levante firmemente contra este escândalo humanitário exibido ao vivo, 24h, pelas telas de TV.”