Quem ganha salário mínimo vai arcar com 1/3 do pacote de corte de gastos que transfere recursos da União para pagar juros
Cerca de 1/3 do pacote de cortes anunciado pelo governo virá em cima dos mais pobres, com a redução no aumento real do salário mínimo. A projeção é que este corte some R$ 109,8 bilhões até 2030. Ou, aproximadamente, 1/8 de quanto se torrou de juros da dívida no acumulado em 12 meses até outubro de 2024: R$ 869,3 bilhões (sem contar o gasto com a rolagem).
Dito de outra forma: a “economia” que o governo Lula pretende fazer em cima dos milionários que ganham hoje R$ 1.412 em 1 ano será de R$ 22 bilhões por ano (em média), o equivalente a 9 dias de pagamento de juros.
Ou, seguindo no cálculo: os R$ 22 bilhões que serão tungados anualmente dos super-ricos que ganham salário mínimo impactam menos do que a redução de 0,5 ponto percentual na taxa de juros Selic. Segundo o Banco Central, cada meio ponto percentual que se tira dos juros reduz a dívida pública em R$ 27,6 bilhões.
No atual ciclo de elevação da taxa de juros, iniciado em setembro de 2024, o BC levou a Selic para 11,25%, uma alta de 0,75 ponto percentual. Ou seja, jogou R$ 41,4 bilhões nas mãos de quem tem investimentos financeiros (como a Selic puxa as demais taxas de juros, o valor é bem maior). Em 3 meses, a alta de juros torrou quase 2 vezes o corte no salário mínimo em 1 ano.
Realmente, esses perdulários que ganham salário mínimo vão quebrar o País.
Lembrando
“É preciso colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda” (Lula, pouco antes da posse para o terceiro mandato)
Black Friday na Bolsa
Filipe Ferreira, diretor da Comdinheiro, fez um levantamento das ações de empresas na Bolsa (B3) que mais se valorizaram nos últimos 12 meses, desde a Black Friday de 2023. No topo, a Embraer (EMBR3) com quase 180% de valorização no período.
Empresas de alimentos vão bem: Marfrig (MRFG3) subiu 94,67% e está na 2ª posição, BRF (BRFS3) na 4ª, e JBS (JBSS3) na 6ª.
Destaque também para as ações de empresas estatais: no ranking das 10 mais, 4 são (ou eram, caso da Sabesp, SBSP3, privatizada em julho de 2024) federais – Caixa Seguridade (CXSE3), em 9º, e Petrobras (PETR3), em 10º, e duas são estaduais – além da Sabesp, em 8º, a Cemig (CMIG4), em 7º.
Considerando que a Embraer é quase uma semiestatal, metade da lista é ligada ao Estado.
Ranking das empresas com melhor performance na B3 desde a Black Friday 2023 (período de 12 meses)
EMBR3 | Embraer | 179,57% |
MRFG3 | Marfrig | 94,67% |
STBP3 | Santos BRP | 86,95% |
BRFS3 | BRF | 78,79% |
WEGE3 | WEG | 60,66% |
JBSS3 | JBS | 59,93% |
CMIG4 | Cemig | 58,38% |
SBSP3 | Sabesp | 45,44% |
CXSE3 | Caixa Seg | 34,07% |
PETR3 | Petrobras | 22,35% |
Fonte: Comdinheiro
(*) Marcos de Oliveira é Jornalista, formado pela ECO/UFRJ, é diretor de Redação do Monitor Mercantil e conselheiro da Câmara de Intercâmbio Cultural Brasil-China