A 20ª edição da Jornada de Agroecologia chega novamente a Curitiba e deve receber mais de 30 mil pessoas, entre os dias 22 e 23 de novembro, no campus Rebouças da UFPR. O evento tem como marca registrada uma grande Feira da Agrobiodiversidade Camponesa e Popular, que traz a diversidade da produção de alimentos agroecológicos, artesanatos indígenas e produtos da economia solidária.
A Jornada de Agroecologia é realizada desde 2002, de forma conjunta por cerca de 60 organizações, movimentos sociais e populares, coletivos e instituições de ensino. O objetivo central é fomentar a agroecologia e mostrar ao grande público urbano os frutos e a viabilidade deste modo de produção de alimentos, baseado no equilíbrio ambiental e na qualidade de vida para quem produz e quem consome.
Três grandes artistas nacionais já tem presença confirmada no palco da Jornada: Leci Brandão, dia 23, às 17h; Bia Ferreira, dia 24, às 17h; Chico César, dia 25, às 19h. Em comum, os três cantores e compositores trazem o apoio à agroecologia, à reforma agrária e às causas sociais e populares.
“Nós precisamos promover e fortalecer a produção de alimentos que respeitem a saúde do planeta, das águas, dos bichos e das pessoas. Nós precisamos acabar com a fome do nosso país, e a única saída para isso é produzir respeitando o meio ambiente e a natureza”, disse a cantora e compositora Leci Brandão, um ícone nacional do samba. “Vamos levar muito samba e muita alegria pra vocês. Vai ser uma honra muito grande”, completou a artista.
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Conferências e marcha vão apresentar as pautas da agroecologia
Também estão confirmadas mais de 10 atrações locais e regionais, entre elas Bloco Afro Pretinhosidade, Garibaldis e Sacis, Quarteto Poty, Sr. Barão, Cantadeiras, Chico Mineiro e Denilson Viola, Petrus Cuesta, Matula Roots, Cia Mirabólica, Buda Bong, Trupe dos Encantados. Todos os shows são gratuitos e integram o Festival nacional do MST – Por Terra, Arte e Pão, iniciativa que já aconteceu em diversas cidades brasileiras com música, poesia, dança, comida sem veneno e a cultura camponesa.
Grandes conferências vão trazer o debate sobre temas centrais para o fortalecimento da agroecologia. No dia 23, das 9h às 11h, serão apresentados estudos, denúncias e experiências de ações contra o uso de agrotóxicos. A conferência terá participação virtual da pesquisadora e professora Larissa Bombardi, autora da pesquisa “Geografia das assimetrias, colonialismo molecular e círculo de envenenamento”; da Procuradora do Ministério Público do Trabalho, Margaret Matos, coordenadora do Fórum Estadual de Combate aos Agrotóxicos; e da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
No dia 24, das 9h às 11h, a conferência “Cooperação para a construção da Economia Solidária e Popular, e geração de renda” trará experiências em construção de cooperativas da reforma agrária e da agricultura familiar, e redes de economia solidária. Às 15h deste mesmo dia, o professor Luiz Marques, professor livre-docente do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, vai abordar o tema “O capitalismo e o colapso ambiental”.
Uma caminhada pelo centro de Curitiba também está prevista na programação, no dia 23, a partir das 14h. A “Marcha da Agroecologia: Por Terra, Teto, Trabalho, Alimento Saudável e Soberania Popular”, pretende reunir cerca de 3 mil pessoas, e integra a articulação nacional Despejo Zero.
Mais de 30 seminários e oficinas gratuitas
Estão previstos mais de 10 seminários, para o intercâmbio de camponeses/as, povos originários e tradicionais, pesquisadores/as, estudantes e militantes. Algumas das temáticas que serão abordadas são: Proteção de Mananciais, Proteção de Alimento Humano Fundamental; Mulheres, Quintais Produtivos e Territórios Livres; Mapeamento da produção orgânica por bacias hidrográficas do Estado do Paraná; 25 anos da Educação do Campo e PRONERA: reconhecimentos, desafios e acumulados; Juventude e Agroecologia.
Cerca de 20 oficinas vão mostrar a prática da produção agroecológica, em diferentes linhas produtivas. Estão previstas práticas para produção de araucária enxertada, usando bambu na agricultura familiar, produção de mudas, produção de armadilha para inserir do tomate, e fabricação de bioinsumos.
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Feira da Agrobiodiversidade Camponesa e Popular
Alimentos in natura e processados, plantas ornamentais, sementes crioulas, panificados, livros, camisetas, acessórios, brechó, artesanato dos mais diversos tipos. Tudo isso produzido por trabalhadores e trabalhadoras das cooperativas da reforma agrária e da agricultura familiar, de grupos de diferentes etnias indígenas do Paraná, das padarias e cozinhas comunitárias, das associações e coletivos de economia solidária e agroecologia, grupos guardiões de sementes crioulas.
“São todos grupos que representam a luta do campo e da cidade por terra, teto e trabalho digno, na construção de uma outra economia popular e solidária”, conta Lucas Paulatti Kassar, membro da Mandala – Rede Paranaense de Economia Solidária, um dos organizadores da Feira.
A diversidade e a delícia da culinária brasileira
A comida saudável é uma das questões centrais da agroecologia, e que se expressa durante a Jornada no espaço Culinária da Terra. Lá estarão reunidos os sabores do campo e da cultura brasileira e principalmente, paranaense, tudo a preços populares.
Entre os pratos previstos estão polenta com molho de carne, o porco no tacho com mandioca, cuscuz, macarrão caseiro, quirera com linguiça, além de pratos vegetarianos e veganos. A sobremesa também está garantida com sucos, sorvetes e picolés de frutas nativas.
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