A comunidade, que em uma época já foi chamada apenas de “GLS”, hoje tem quase 10 letras, e deve crescer ainda mais enquanto o debate sobre gênero e sexualidade avança
A sigla LGBT passou a ser utilizada em meados dos 1990, dando visibilidade também aos bissexuais, transexuais e travestis, que eram excluídos do termo mais usado na época, o GLS. No entanto, com o avanço do debate de gênero e sexualidade, a sigla foi crescendo e grupos foram adicionados, em uma busca por visibilidade e reconhecimento. Hoje, a nomenclatura tem quase 10 letras: LGBTQIAPN+.
Camila Galetti, doutoranda em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), explica que a visibilidade é essencial. “Durante muito tempo as discussões que perpassam as diversidades sexuais eram vistas como tabu ou eram demonizadas, então quando a gente fala sobre a importância das siglas, de aderir novos grupos, a gente tá dando visibilidade a grupos que historicamente tiveram a sua sexualidade restringida, não visibilizada. Então a importância é mostrar para as pessoas que existem muitos tipos de sexualidade”, explica.
A sigla da comunidade busca representar diferentes grupos por sua diversidade. Alguns pontos são levados em conta: o sexo biológico, que diz respeito às características físicas e o que envolve o corpo (feminino, masculino e intersexo); a identidade de gênero, que fala sobre como nos identificamos enquanto seres psicossociais (feminino, masculino, não-binário e etc); e a sexualidade, que reflete sobre as pessoas com quem nos relacionamos (gay, lésbica, bissexual e etc).
Confira o que significa cada uma das letras:
L – lésbicas: pessoas que se identificam como femininas e se relacionam com outras do mesmo gênero;
G – gays: pessoas que se identificam como masculinas e se relacionam com outras do mesmo gênero;
B – bissexuais: pessoas que se relacionam com os gêneros femininos e masculinos e se relacionam com outras dos gêneros feminino e masculino;
T – transexuais e travestis: pessoas que não se identificam com o gênero atribuído no nascimento;
B – queer: pessoas que não se identificam com os padrões impostos pela sociedade e que preferem não se limitar em um único gênero ou orientação sexual;
I – intersexo: pessoas que possuem características biológicas dos sexos feminino e masculino ao mesmo tempo (o termo substitui o “hermafrodita”, que agora é usado na biologia e na medicina apenas para espécies não-humanas);
A – assexuais: pessoas que não têm atração sexual; não há relação com falta de libido, questões biológicas ou de ordem psicológica, como traumas;
P – pansexuais: pessoas que se relacionam com outras de todos os gêneros, incluindo femininos, masculinos e não-binários;
N – não binários: pessoas que não se identificam com o gênero feminino ou masculino, podendo se identificar com mais de um ou nenhum;
+ – demais possibilidades de orientações sexuais ou identidades de gênero.
Neste 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, a socióloga Camila Galetti destaca a importância do mês e do dia voltado para dar visibilidade ao grupo social. “O mês que dá visibilidade a comunidade LGBT é extremamente relevante porque cotidianamente esses corpos que são dissidentes, eles estão mais vulneráveis à violências, a não aceitação. Então quando a gente pensa num mês do orgulho a gente está pensando em um mês onde a gente vai ampliar as discussões e as campanhas”.
“A gente precisa de política institucional, precisamos dessas minorias sociais e políticas nos espaços de tomada de decisão e de poder para que sejam pensadas estratégias de combate às violências. Pensar na ampliação de leis voltadas para esses grupos e representatividade”, acrescenta Galetti, sobre a necessidade de políticas públicas para a comunidade.
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