Ainda antes dos resultados finais, o presidente francês, Emmanuel Macron, dissolveu o Parlamento e convocou eleições antecipadas para o dia 30 de Junho. Entre as várias leituras, há a mais clara: Macron está a convidar a extrema-direita a tomar o poder
Um abalo eleitoral ditou o futuro dos franceses. O Rassemblement National de Marine le Pen venceu as eleições para o Parlamento Europeu em França, com 31,5% Em segundo lugar, depois da extrema-direita, ficou a coligação encabeçada pelo partido de Macron, o Renaissance, com 15,2%, seguida pela coligação dos socialistas.
Não é o primeiro resultado semelhante da Rassemblement National que já tinha ganho as as eleições para o Parlamento Europeu em 2014 e 2019, mas por margens mais estreitas. Este resultado de domingo levou, então, o presidente francês a adoptar a chamada “bomba atómica” e, desta forma, colocar os franceses debaixo de uma grande ameaça.
Diga-se que a popularidade do governo liberal não era a melhor, sendo que a imagem do actual mandato foram as grandes manifestações contra as alterações ao aumento da idade da reforma e ao sistema de aposentações.
Há várias leituras a serem feitas. Há quem entenda que este é o momento em que Macron pode instrumentalizar o medo dos franceses sobre uma possível vitória da extrema-direita e, dessa forma, alcançar uma maioria confortável no parlamento. Há ainda quem entenda que esta é uma jogada arriscada e que Macron está a criar as condições para as forças fascizantes assaltarem o poder.
Esta não é a primeira vez que um presidente francês faz algo semelhante, sendo que sempre foi tentado, o resultado não foi o pretendido. Veja-se que no caso de François Mitterrand e Jacques Chirac, a esquerda conseguiu alcançar a maioria e o tacticismo não resultou.