Discurso desenvolvimentista de Lula que o lança na ponta da disputa eleitoral contra Bolsonaro derruba o Posto Ipiranga Paulo Guedes, substituído, na prática, pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, expoente do Centrão. Que puxada de tapete! Bolsonaro esvazia completamente as funções do ultraneoliberal ministro da Fazenda; o titular do Planalto chegou à conclusão que, continuar com ele, perde espaço mais rápido, ainda, do que já ocorre, conforme as pesquisas acumuladas, sedimentadas com essa da Quest, divulgada nessa quarta feira; por ela, Lula dispara, podendo faturar no primeiro turno; depois que o presidente sentiu que com essa possibilidade concreta da vitória lulista, os seus aliados pulam do barco rumo ao que está na frente, para levar o poder, de bandeja, diante da inflação ascendente de dois dígitos, sinalizando hiperinflação, destruição dos salários e subconsumismo crônico, propenso à maior expansão do desemprego, jogou Guedes ao mar.
No galope da hiperinflação
Guedes, para as forças políticas bolsonaristas, perdeu utilidade, virou desutilidade, peso morto, perigo eleitoral total; as expectativas do mercado, dadas, essa semana, pela pesquisa Focus, do BC, pioraram a posição do ministro, sem gás para continuar executando suas funções; a economia, pela Focus, não deverá crescer esse ano, como já vem ocorrendo desde o golpe de 2016, com Temer; o PIB, o ex-presidente golpista do PMDB recuou para 0,35% ao ano, com seu programa neoliberal Ponte para o Futuro; com Bolsonaro-Guedes, em 2022, deverá recuar mais ainda, para 0,27%, no galope da hiperinflação, puxada pela desvalorização da moeda e pelo aumento incontrolável dos preços dos combustíveis, impulsionados pela dolarização e câmbio descontrolado; nesse cenário, o Centrão enxerga o óbvio: ou manda embora Guedes ou se prepara para montar na garupa da candidatura Lula, de modo a fazer seu jogo de tentar comandar, em eventual nova era lulista, a base congressual, como faz de maneira ampla e irrestrita na Era Bolsonaro;
Novo poder
O novo poder, portanto, descola-se do Ministério da Fazenda para o Ministério da Casa Civil; desloca-se o controle do orçamento, do qual a população, especialmente, os mais pobres, está, socialmente, excluída, pela vigência do teto de gasto, sob comando de Guedes, para o controle do Centrão, no Palácio do Planalto, a ser gerido pelo ministro Ciro Nogueira(PP-PI); sem chances para Guedes, de agora em diante; caso contrário, o buraco sob os pés de Bolsonaro se amplia, para ele ir, eleitoralmente, ao abismo; a tarefa do Centrão, portanto, será a de agilizar liberação de grana estatal, para romper, decididamente, com o teto de gastos sociais(despesas não financeiras da União – saúde, educação, infraestrutura etc), contendo, relativamente, em contrapartida, gastos financeiros(juros e amortizações da dívida), que inviabilizam, completamente, arrancada da economia, para gerar emprego, renda, consumo, produção, arrecadação e investimento, ou seja, o silogismo capitalista produtivo, sufocado pelo capitalismo meramente especulativo, que Guedes tem impulsionado.
Centrão sintoniza com Lula
A crescente insuficiência de consumo, dada pelo arrocho salarial, aprofundado pela reforma trabalhista, atacada por Lula como fator principal da crise capitalista, por barrar avanço da eficiência marginal do capital produtivo(lucro), acelera decisão de Bolsonaro para despachar Guedes e colocar no lugar dele o ministro Ciro Nogueira; na prática, portanto, o Centrão, que, com Temer, no poder, ajudou aprovar a PEC 95, em 2016, que sedimentou golpe político contra Dilma, para tirar o PT do poder, dá meia volta volver; sintoniza-se, agora, com pregação lulista; vai jogar dinheiro na circulação para aumentar oferta de produção, de modo a atender demanda social, mergulhada no desemprego, na fome, na desvalorização cambial, na inflação e, consequentemente, na instabilidade política e social em ano eleitoral; não é à toa que as Forças Armadas preanuciam prontidão em ano eleitoral quando os antagonismos de classe tendem ao acirramento; o Congresso, dominado pelo Centrão, volta do recesso predisposto a dar cavalo de pau na política econômica, especialmente, depois da guerra de destruição imposta pelas chuvas, provenientes do desequilíbrio ambiental, que dita a política governamental bolsonarista.
Ciro prepara novo discurso
É de se prever que Ciro Nogueira comece a fazer novo discurso: não aos cortes, mas aos aumentos de gastos, flexibilização diante dos servidores públicos, igual postura relativamente à reforma trabalhista que destrói salários a intensificar subconsumismo responsável pela paralisação crescente da produção de bens de consumo, bem como, também, de bens de produção; afinal, quem vai colocar máquinas novas no lugar das que já estão paradas, na recessão?; somente seria possível dinamizar bens de consumo(D1) e bens de produção(D2), se ocorrer maior oferta monetária de D3(gastos do governo) para puxar demanda global; D1 + D2 não são capazes de dinamizar economia em D3, lição fundamental do capitalismo brasileiro em desaceleração; somente, assim, será possível aumentar nível de ocupação capaz de reduzir nível de desemprego; o Centrão é, historicamente, especialista nisso, ou seja, tocar infraestrutura, puxada pelos principais agentes econômicos, as empresas estatais, sem as quais a burguesia nacional não vai aos investimentos; a tentativa de fazer o capital privado investir tem sido, como a realidade demonstra, frustrada; as privatizações de ativos públicos já com investimentos amortizados não exigem dos investidores capital adicional para dinamizar a produção; a crise capitalista, no Brasil, como diria Marx, não é de oferta, de bens de produção, mas de demanda, afetada pela crônica insuficiência de consumo. É essa que se aprofunda com o neoliberalismo tocado por Guedes, forçando sucateamento das estatais com argumento de ser necessário para liquidar juros e amortização de dívidas; não tem sido o caso, visto que quanto mais gastos financeiros, mais déficit público se apresenta, servindo como redutor dos investimentos; o Centrão percebeu que o desastrre decorre, simplesmente, da redução dos gastos sociais, como impõe o teto neoliberal, responsável pela derrubada acumulada do PIB, nos últimos seis anos, desde golpe contra o PT; a pregação de Lula contra sucateamento do patrimônio público, de um lado, e a reforma trabalhista, de outro, a destruir poder de compra da população, foi xeque-mate no Posto Ipiranga.
https://www1.folha.uol.com.br/…/bolsonaro-deve-dar…
(*) Por César Fonseca é jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio e edita o site Independência Sul Americana
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