O ex-presidente Lula, pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), á Presidência da República, nas eleições deste ano, disse, nesta terça-feira, 12, em visita ao 18º Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, que, se for eleito presidente novamente, irá criar um ministério para tratar das demandas dos povos originários.
“_ Vocês me deram uma ideia. Ora, se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou [o Ministério] dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que a gente não pode criar um ministério para discutir as questões indígenas?”, disse Lula, arrancando aplausos de centenas de indígenas, que, desde as primeiras horas do dia, o esperavam na tenda do ATL.
Muito aplaudido, Lula antecipou que o ministério a ser criado, será conduzido por indígenas e não por pessoa branca.
“_ Eu quero que vocês saibam. Não sei quem, mas se preparem. Alguém vai ter que assumir o ministério. E não vai ser branco como eu ou uma galega como a Gleisi (Gleisi Hoffman, presidente do PT). Terá que ser um índio ou uma índia”, defendeu o ex-presidente, arrancando mais aplausos, gritos e palavras de ordem.
O anúncio de criação de um ministério a ser comandado por índios, ocorreu após o ex-presidente ouvir uma série de representantes dos indígenas, que elogiaram seus governos, mas, que também cobraram novos compromissos com as pautas e lutas dos povos originários.
A pré-candidata a deputada federal pelo Psol, Sônia Guajajara, declarou que os povos indígenas não mais irão ficar à margem da condução do país, pois se vive um novo tempo.
“_ Por muito tempo, não aceitamos conduzir a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), mas agora é um novo tempo. Queremos, sim. (…). Se nos oferecerem ministérios, também vamos aceitar”, disse, sendo muito aplaudida pelos parentes.
Antevendo que sofrerá resistência de seus adversários políticos, Lula relembrou as críticas que seu governo enfrentou, ao criar os ministérios da Igualdade racial e dos Direitos Humanos. Ele afirmou: “Vão falar, vão dizer: ‘Ah, mas gastam muito, é preciso diminuir os ministérios’. Na verdade, o que eles não querem é que a sociedade esteja participando ativamente”.
“Dia do Revogaço”
Rodeado de parlamentares de partidos de oposição tais como Psol, Rede Sustentabilidade e de dirigentes do PSB e do PV, o ex-presidente Lula também garantiu aos indígenas, que, se eleito, irá lançar o “Dia do Revogaço”, para revogar todas as decisões do governo Bolsonaro, prejudiciais à maior parte da população brasileira, devendo, portanto, recriar ministérios que foram extintos, retomar programas de inclusão social e se empenhar na revogação de leis que foram reformadas, entre elas, a trabalhista.
Liderando as pesquisas de intenção de votos, Lula disse, também, que irá colocar representantes dos povos indígenas em sua equipe de elaboração de um plano de governo, e garantiu que, em caso de vitória, seu governo não tomará nenhuma decisão, referente aos indígenas, sem que estes sejam antecipadamente consultados, afirmando que “ninguém vai fazer qualquer coisa em terra indígena sem que haja a concessão, decisão e concordância” daqueles que ocupam as terras brasileiras há mais de 500 anos.
ATL em números
Coordenado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o 18º ATL, que termina nesta quinta-feira, 14, reuniu, por 10 dias, mais de 8 mil indígenas, pertencentes a 200 povos de todas as regiões do país. Com demandas no Parlamento, no Judiciário e no Executivo, os povos indígenas lutam pela demarcação de suas terras – 891 áreas ainda não demarcadas – e contra o Marco Temporal, os desmatamentos e o garimpo. Lutam, também, por direitos básicos como saúde, educação, segurança e preservação de suas culturas. Durante o ato com os indígenas, Lula foi presenteado com artesanatos e recebeu “bênçãos” espirituais dos “encantados”.
(*) Por Edneide Arruda – Diretora de Comunicação do Jornal Brasil Popular
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