Em sua passagem, pelo Ceará, no sábado, 21, o ex-presidente Lula visitou as instalações do Complexo Portuário do Pecém, a convite do governador do Estado, Camilo Santana, que destacou o potencial econômico e social do terminal. Na visita ao complexo, Lula disse ter ficado muito feliz por sua agenda no Estado, ter como primeiro compromisso “visitar o Porto” e “os companheiros”.
“_ Faz tanto tempo que a gente não houve neste país, a palavra, desenvolvimento econômico, a palavra crescimento econômico, a palavra geração de emprego e a palavra distribuição de renda, que eu fiquei muito feliz em saber que a minha primeira agenda no Ceará, era visitar o Porto, era visitar os companheiros de todo o complexo portuário”, afirmou Lula, ao conceder entrevista coletiva, à imprensa, na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), logo após fazer um percurso por instalações do complexo portuário.
Inaugurado em 2002, o Porto do Pecém foi transformado em Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), em 2010, sendo, atualmente, a única em funcionamento no país. Ao saber que apenas a ZPE do Ceará, está em funcionamento, Lula lembrou que, no seu governo, as ZPEs eram a principal reivindicação de quase todos os governadores e de muitos líderes políticos do Congresso Nacional, mas, que só foram aprovadas “depois de muito tempo”.
“Eu pensei que já tinham umas 30 em funcionamento. Mas é a única ZPE que está funcionando, numa demonstração da competência do povo do Ceará e do governo do Ceará, que foram atrás de tornar realidade a possibilidade de o Ceará se transformar em um grande exportador, não apenas de grãos, mas um exportador de produtos manufaturados e de tecnologia. Isso é gratificante, saber que esse complexo, com a siderúrgica, já está garantindo quatro mil empregos diretos. É tudo que os meus ouvidos queriam ouvir”, afirmou, o ex-presidente que, durante seus dois mandatos, entre 2003 e 2010, gerou 15,3 milhões de empregos formais no país, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho.
Camilo Santana disse que a importância da presença de Lula no Estado, “é exatamente mostrar o quanto nós precisamos gerar oportunidades de emprego para a população brasileira, especialmente, para a população do Ceará”. Segundo Camilo, até o fim deste ano, o terminal deverá bater recorde na escoação de produtos e alimento. “Apesar de ser um porto com menos de 20 anos, o Pecém vem crescendo em ritmo acelerado. Somente neste ano, exportou mais 10 milhões de toneladas em mercadorias, e com expectativa de movimentar 20 milhões até dezembro”, afirmou.
“Salvar vidas”
O governador entregou ao ex-presidente um equipamento, desenvolvido pela Escola de Saúde Pública do Ceará, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado e a Universidade Federal do Ceará. Trata-se do capacete Elmo, aprovado pela Anvisa e protocolado no Ministério da Saúde. Segundo o governador, o capacete reduz em 65% a possibilidade de intubação de pacientes com Covid-19. “Esse capacete já ajudou a salvar mais de três mil vidas, dentro e fora do Estado, o que mostra a importância da ciência, da pesquisa e da tecnologia”, disse Camilo.
Lula aproveitou para externar sua indignação com a perda de quase 600 mil pessoas, mortas pela Covid-19 e com a falta de vacinas no país a tempo de combatê-la. “Nós já estamos há quase dois anos com Covid e ainda não vacinamos nem a metade da população brasileira, com as duas doses”, afirmou, elogiando a coragem de Camila Santana de decretar lockdown, como medida sanitária que, embora antipática junto à população, ajudou a salvar vidas, na pandemia do vírus. Para o ex-presidente, parte das mortes é culpa do presidente, Bolsonaro que, avalia, “não soube cuidar das coisas mais simples: ouvir os governadores, ouvir a ciência, os secretários de saúde dos Estados, criar um protocolo, comprar as vacinas no tempo certo”.
“Desmancha isso tudo”
É a primeira vez que Lula volta ao Ceará, depois de quatro anos, onde esteve pela última vez, em 2017, durante a caravana Lula Pelo Brasil, quando se preparava para concorrer às eleições presidenciais de 2018.
Na capital cearense, Lula esteve com artistas populares, que mostraram sua resistência para manter viva a cultura nordestina e recebeu do cantor Ednardo, autor da música “Pavão Misterioso”, de 1974, um pedido: “desmancha isso tudo”. Além do governador Camilo Santana, Lula foi recebido por outras lideranças petistas, como os deputados federais José Guimarães, Luizianne Lins e José Airton Cirilo e do presidente estadual da sigla, Antônio Filho.
Lula fez questão de dizer que, depois de sua prisão de 580 dias, em Curitiba – por ordem do ex-juiz Sérgio Moro, no episódio da Lava Jato – e dos piores momentos da pandemia – que já infectou mais de 2,5 milhões de pessoas no País –, resolveu fazer uma viagem pelo Brasil, “começando pelo meu querido Nordeste”, acentuou.
“_ Quando terminar o Nordeste, eu vou para o Norte, quando terminar o Norte, vou para o Sul, vou para o Sudeste, o Centro-Oeste; para conversar com empresários, políticos, sindicalistas, com a imprensa, com aliados, com todo mundo que quiser conversar, porque eu acho que, aos meus 75 anos de vida, eu nunca vi o Brasil na situação que se encontra”, criticou.
Lula disse que vai continuar suas viagens pelo Brasil para “tentar discutir uma solução que garanta de volta a democracia, o crescimento econômico, a distribuição de renda e a melhoria da educação”.
As viagens de Lula pelo Nordeste – que Lula faz acompanhado da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann -, foram iniciadas no dia 15, por Pernambuco, seguido do Piauí, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte, terminando na Bahia, dia 26.