O Ceará está de parabéns! Mansueto Almeida desempenhou, nos quase dezoito meses em que comandou a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, um papel consistente como fiador principal da sustentabilidade fiscal no Brasil. Formado pela Universidade Federal do Ceará – UFC, fez mestrado na Universidade de São Paulo – USP, e teve uma fecunda passagem pelo Massachusetts Institute of Technology – MIT.
No Instituto Brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, um importante órgão de pesquisas aplicadas, exemplo de burocracia estatal de alta performance no Brasil, destacou-se como analista fundamentado e preciso dos indicadores fiscais conjunturais,
No Governo Temer, Mansueto foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério Da Fazenda, ao construir um Plano de Sustentabilidade Fiscal, honrosamente, denominado “Plano Mansueto”, racionalizava a introdução da chamada Lei do Teto de Gastos.
Na companhia de alguns outros brilhantes analistas fiscais de sua geração, ajudou a modular o debate sobre sustentabilidade de dívida pública no Brasil, o que lhe valeu o convite para assumir o comando da STN, no final do Governo Temer, em abril de 2018. Ali, participou, na condição de um dos formuladores da equipe de Henrique Meirelles, de um desastroso ajuste recessivo que, ao implodir a arrecadação federal, agravou o já frágil quadro fiscal herdado pelo Governo Temer.
Mansueto Almeida escolheu continuar no governo Bolsonaro, como Secretário do Tesouro Nacional. As prioridades da política econômica já haviam mudado muito antes da instalação da Pandemia da covid-19 no Brasil. Erros de diagnóstico, contração abrupta dos gastos federais nos estados entregaram, ao final de 2019, o chamado “pibinho tristinho” doamqinistro Paulo Guedes, em paralelo ao aprofundamento da crise política.
Não há mais, no Brasil, espaço para a ideologia do ajuste fiscal recessivo. Não na crise humanitária que atravessamos. Mansueto desembarcou do governo Bolsonaro, defendendo o aprofundamento do ajuste fiscal, nestes tempos cruéis de pandemia. Como nordestino, depois da transição de 8 semanas, em que anunciou redundantemente, deveria partir para uma temporada de aprofundamento de sua reflexão sobre a natureza da crise brasileira atual.
Felipe de Holanda (DECON/GAEPP/UFMA)