O cargo de ministro da saúde já foi ocupado por pessoas sem formação na área. Porém, quando isso aconteceu, o ministro nomeou profissionais altamente qualificados para ocupar os principais cargos da instituição, de modo a formar uma equipe com conhecimento e experiência na área, capaz de formular políticas para o enfrentamento dos problemas de saúde da população. Não foi este o caso do General Eduardo Pazuello, recentemente confirmado no cargo de Ministro da Saúde.
Profissionais obscuros e cerca de trinta militares já foram nomeados para os principais cargos do Ministério, entre eles o Tenente-Coronel Jorge Luís Kormann, no Departamento de Programas da Secretaria Executiva, e o Coronel Paulo Guilherme Ribeiro Fernandes como Coordenador Geral de Planejamento. Como coordenar programas ou planejar políticas de saúde sem entender nada de saúde pública?
O resultado é que, passados seis meses do início da pandemia de Covid-19, seguimos sem um plano nacional que coordene as ações do SUS e de outros setores para seu combate. O Brasil segue mostrando um patamar elevado de casos novos por dia (entre 35 mil e 40 mil) e de mortes (entre 700 e 800), situando-nos entre aqueles onde a transmissão da epidemia está fora de controle.
Dos 22 ministros do governo Bolsonaro, 9 são militares que, por força da hierarquia, não podem questionar o presidente. Apesar de um Ministério da Saúde omisso, despreparado e sem autonomia de ação, Bolsonaro culpou os prefeitos e governadores pelos maus resultados no controle da pandemia, em seu discurso na ONU, dia 22 de setembro passado.