Primeiras doses foram aplicadas em crianças de 10 e 11 anos do Distrito Federal. Brasil é o primeiro país a incorporar a vacina contra a dengue no sistema público de saúde
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, comemorou o início da vacinação de crianças de 10 a 11 anos contra a dengue pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ela acompanhou o primeiro dia de vacinação nesta sexta-feira (9) em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Brasília. As crianças receberam doses do imunizante Qdenga, fabricadas pelo laboratório japonês Takeda. O Brasil é o primeiro país no mundo a distribuir doses de vacina contra a dengue no sistema público.
“É um momento histórico”, afirmou a ministra. “Há 40 anos, se espera uma vacina para a dengue. Tentamos trabalhar, já havia vacina desenvolvida, mas não tão bem sucedida. Agora, temos uma vacina incorporada ao SUS”, celebrou.
De acordo com a ministério, até o fim de março todos os 521 municípios brasileiros selecionados devem receber as doses destinadas a esse público inicial. A partir de abril a pasta deve ampliar a faixa etária para jovens de até 14 anos, como recomendado inicialmente.
Nísia afirmou que o ministério comprou todas as doses disponíveis da vacina contra a dengue. O governo espera receber cerca de 712 mil doses no 1º lote e 6,6 milhões ao longo do ano. “Se houvesse mais doses, nós certamente compraríamos mais”, frisou.
A lista das 521 cidades contempla mais 15 Estados, além do Distrito Federal e do Goiás: Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Ao mesmo tempo, a pasta trabalha em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outros laboratórios nacionais para ampliar a produção da vacina, atualmente fabricada pelo laboratório japonês Takeda. “Vamos apoiar também a vacina do Instituto Butantan, que ainda não foi submetida à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, destacou Nísia.
Combate ao mosquito
Diante da escassez na oferta de vacinas, a ministra reforçou os cuidados para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a doença. “Falei, inclusive, para todas as crianças: ‘vocês, nas escolas, nos ajudem na campanha de combate aos focos do mosquito’. Também vamos estar atentos aos sinais da doença, para não nos automedicarmos, cuidarmos da hidratação. Estas são as mensagens mais importantes neste momento”, afirmou Nísia.
Mais cedo, a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse que o número de casos de dengue pode chegar à marca de 4,2 milhões neste ano. Ela atribuiu o recorde à antecipação do pico de casos, que acontece normalmente entre fim de março e começo de abril.
“Estamos vendo uma antecipação dos casos que não tínhamos visto nas últimas epidemias de dengue. Isso devido à circulação dos 4 sorotipos (1, 2, 3 e 4) ao mesmo tempo no país. Algum deles já tinham 15 anos sem circulação no Brasil. Também o comportamento diferente do mosquito que fica ativo durante todo o dia. As altas temperaturas ajudando na reprodução do mosquito”, afirmou.
Nesse sentido, o ministério apela para que os governos estaduais e prefeituras, bem como a família, intensifiquem o combate aos focos do mosquito. Limpeza das vasilhas de água dos animais e vasos de plantas evitando o acúmulo de água, o armazenamento de pneus e garrafas em locais cobertos, limpeza das caixas d’água são as melhores formas de prevenção. Cerca de 75% dos focos do Aedes aegypti estão dentro de casa.
Além disso, o ministério orienta que as pessoas procurem um serviço de saúde logo nos primeiros sintomas, como febre alta, dor de cabeça, atrás dos olhos e nas articulações. Assim, quem estiver com suspeita da doença não deve esperar o quadro se agravar.