O filósofo Enrique Domingo Dussel Ambrosini faleceu, neste domingo, aos 88 anos, conforme informou seu filho Enrique Dussel Peters, nas redes sociais.
A informação é publicada porLa Jornada, 06-11-2023. A tradução é do Cepat.
“Todos estamos muito tristes. Hoje, 5 de novembro de 2023, às 20h50, faleceu Enrique Domingo Dussel Ambrosini, esposo, pai, avô, professor, teólogo, filósofo, historiador e pensador crítico. Que descanse em paz”, comunicou.
A reitora da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM), Tania Rodríguez Mora, lamentou a morte em sua conta no Twitter: “Morreu Enrique Dussel, nosso querido e admirado reitor. Sábio e generoso. A @UACM sempre lhe será grata: Obrigado, obrigado, obrigado”.
A esquerda latino americana perde um dos seus grandes pensadores, nosso querido Enrique Dussel, que deixa um legado de reflexões e de intelectual comprometido com a classe trabalhadora.https://t.co/QbgiHW9Snr
— João Pedro Stedile (@stedile_mst) November 6, 2023
O colunista desta casa editorial nasceu em Mendoza, Argentina, em 24 de dezembro de 1934, e em 1975 chegou ao México em exílio, onde posteriormente obteve a nacionalidade. Enrique Dussel é reconhecido internacionalmente por seu trabalho no campo da Ética, Filosofia Política e Pensamento Latino-Americano em geral e por ser um dos fundadores da Filosofia da Libertação, corrente de pensamento da qual é arquiteto.
Manteve diálogo com filósofos como Karl-Otto Apel, Gianni Vattimo, Jürgen Habermas, Richard Rorty, Emmanuel Lévinas. Seu vasto conhecimento destes temas, condensado em mais de 70 livros e mais de 400 artigos – muitos deles traduzidos para mais de seis idiomas -, faz dele um dos mais conceituados pensadores filosóficos do século XX, que contribuiu de forma original na construção de uma filosofia comprometida.
Enrique Dussel foi licenciado em filosofia pela Universidade Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina, em 1957, e em estudos da religião pelo Instituto Católico de Paris, em 1965. Doutor em filosofia pela Universidade Complutense de Madri, Espanha, em 1959. Doutor em história pela Universidade Sorbonne de Paris, em 1967.
Desenvolveu boa parte de sua carreira profissional no México, onde, entre outros cargos, foi professor de ética e filosofia política na UNAM e professor-pesquisador do Departamento de Filosofia da Universidade Autônoma Metropolitana (UAM) Iztapalapa. Também atuou como reitor interino da Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM).
Foi membro fundador da Filosofia da Libertação na América Latina. Obteve ao menos seis doutorados honoris causa, entre eles, pela Universidade de Friburgo (Suíça, 1981) e pela Universidade Maior de San Andrés (La Paz, Bolívia, 1995). Foi também o fundador da Revista Latinoamericana de Filosofía e durante a primeira década do século XXI fez parte do Grupo Modernidade/Colonialidade, o principal coletivo de pensamento pós-colonial na América Latina.
Segundo a sua biografia, a tese fundamental de Enrique Dussel foi a Filosofia da Libertação, um pensamento que surge de um locus enunciationis (lugar de enunciação) situado na exterioridade, na periferia geopolítica, cultural, econômica, política, militar, do Sul Global, com uma posição ativa no viver em um mundo dependente Neocolonial.
Como ato de rebeldia descolonizadora, a Filosofia da Libertação proposta por Dussel observou nos povos dominados, excluídos da civilização moderna – e, portanto, de seu pensamento -, a oportunidade para desenvolver um horizonte mais amplo que o do mero eurocentrismo.
Partindo da história mundial, Dussel situou este pensamento filosófico na alteridade do Outro/a, do nada, do não ser, “a viúva, o órfão, o estrangeiro” e o pobre, uma alteridade a partir da qual é possível efetivar a crítica a qualquer sistema (econômico, político, epistemológico, filosófico, de gênero, cultural, racial, etc.) que se fecha sobre si mesmo.
Dussel se inspirou em seus autores favoritos (latino-americanos e europeus, de Salazar Bondy e Freire a Sartre e Heidegger, passando por Hinkelammert, Lévinas, Ricoeur e Benjamin) e os incorporou em um novo discurso descolonizador e crítico.
O resultado não foi apenas uma nova visão da história mundial, mas também novas categorias filosóficas que foram sendo afinadas, especificadas, conforme aconteciam os debates, passavam os anos, com os lugares existenciais a partir dos quais se pensa. A interpelação intercultural dos povos originários fortaleceu as teses originais de sua Filosofia da Libertação.
Baixe o livro 1492 – O encobrimento do outro – A origem do mito da modernidade Autor: Enrique Dussel.
Baixe também em espanhol: Descarga [PDF]:
https://drive.google.com/…/1WA5G6yQAp2AYbAAxKm3…/view…
O livro tenta dar a conhecer a origem do “Mito da Modernidade” partindo da ideia de que a Modernidade tem um “conceito” emancipatório racional, mas, ao mesmo tempo, desenvolve um “mito” irracional de justificação da violência, que deve negar, superar. Os pós-modernistas criticam a razão moderna como razão, enquanto o autor critica a razão moderna por encobrir um mito irracional. Por isso, o livro mostra a necessidade de “aprimoramento” a partir dos ciclos de conferências apresentados no livro. Assim, propõe-se “A Trans-Modernidade como projecto de futuro”. O ano de 1492, segundo a tese central do livro, é estabelecido como a data do “nascimento” da Modernidade.
Leia mais
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