As áreas de interesses estratégicos do império americano estimulam empresários aventureiros como Elon Musk a partir para provocações políticas à democracia nos países da periferia capitalistas que dispõem de matérias primas essenciais à industrialização dos Estados Unidos.
Nesse sentido, o Brasil é candidato de ouro, possui tudo que o leva a prescindir do mundo para alcançar desenvolvimento sustentável, como dizia o empresário ítalo-brasileiro, Matarazzo, que apoiava desenvolvimento nacionalista varguista.
O modus operandi desses aventureiros, tipo Musk, para ter sucesso, depende da relação deles com o poder imperial de Tio Sam, como retaguarda essencial, para agirem avalizados por este, de modo a se sentirem totalmente isentos de responsabilidades para cumprirem a Constituição do país alvo dos seus ataques imperialistas.
Musk e os de sua estirpe se lixam para as leis brasileiras e se tornarão cada vez mais agressivos, caso seja eleito para presidente dos Estados Unidos, o candidato Donald Trump, republicano, direitista fascista.
O exemplo do fascismo trumpista ficou marcado com a tentativa de fechar o Congresso americano, em 2021, ao contestar a derrota eleitoral para Joe Biden.
Inspirado nesse exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro, igualmente, tentou, dois anos depois, fechar as instituições, com o frustrado golpe de 23 de janeiro de 2023.
Ou seja, para a direita, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil ou em qualquer outro lugar do planeta, não se mede as consequências políticas da sua ação antidemocrática por ser, essencialmente, golpista, quando se trata da preservação e expansão dos seus interesses, no cenário da financeirização global.
ALIANÇA TRUMP-MUSK
Musk joga com Trump e, mesmo antes de previsível vitória do trumpismo fascista, demonstrou seu desejo de subverter as democracias que não atuarem conforme os seus interesses imperialistas, como foi o caso na Bolívia e está sendo o caso no Brasil.
O ataque ao STF e, especialmente, ao ministro Alexandre de Moraes, é um ensaio antecipado do que Musk continuará fazendo, como braço do império ultradireitista, utilizando das armas que dispõe para alcançar seus fins.
A arma é o dinheiro para comprar apoios políticos, jogando com as contradições intrínsecas aos poderes republicanos – executivo, legislativo e judiciário.
Capital é poder sobre coisas e pessoas(Marx).
A liberdade passa a ser instrumento de manipulação/dominação e perde seu valor geral, universal, da igualdade de oportunidade, para se transformar em liberdade individual, egoísta, sem limites.
Ela vale, para Musk, se estiver conjugada com os interesses dele.
No Brasil, com Lula, a liberdade, para Musk, inexiste – é inimiga – pois o titular do Planalto não se sujeitou aos seus caprichos de romper com o tríduo republicano, atacando o judiciário; mas, na Argentina, por exemplo, com o fascista Javier Milei, na Casa Rosada, pode a liberdade ser a aliada da exploração total do país, amiga imprescindível, dado que Miley/Trump/Musk comporiam relações carnais etc.
Desse modo, o nacionalismo lulista não merece ser defendido em seus pressupostos éticos e morais, se Musk aposta no oposto para fazer valer seus interesses.
O lado de Musk, no Brasil, é o de Bolsonaro, que quer a liberdade para si para inventar argumentos – fake News – que coadunam com os interesses bolsonaristas-trumpistas-muskianos fascistas.
A mentira – veiculada nas redes sociais em que Musk dita as regras – vira arma política.
Dispõe do poder político e econômico quem, segundo Musk, possui os meios de comunicação em suas mãos.
Por meio dele, constrói a “sua” realidade à qual todos têm que se submeter.
ANTECEDENTE HISTÓRICO
Musk é repeteco histórico de empresários americanos, como o bilionário Percival Farquhar(1865-1954) que, apoiado por Washington, atuou em confronto com as leis brasileiras, na área de mineração, até que Getúlio Vargas o mandou catar cavaco, expulsando-o do Brasil.
Comprava apoio político no Congresso da Velha República para obter as concessões para exploração ferroviária e mineral no país continental, estimulado, ao máximo, pela Casa Branca e banqueiros ingleses.
A exemplo de Farquhar, os vastos interesses de Musk, na exploração da riqueza petrolífera, mineral, ambiental e da Amazônia, lançam suas expectativas para dominar o amplo espectro da transição energética na qual atuará desmedidamente, se Trump ganhar eleições nos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, é claro, Musk cuidará de fortalecer a direita brasileira e sul-americana, bombando o neoliberalismo bolsonarista pauloguedeseano.
A democracia, no cenário hipotético de dominação trumpiana, que a vê e a entende, ideologicamente, como estorvo, vai para o espaço, para que a sede de dominação das riquezas nacionais seja infinita sob dominação ultraneoliberal, conduzida pelo Banco Central Independente, independente, diga-se, do governo, mas, totalmente, dependente dos credores.
Foto Estado de Minas
(*) Por César Fonseca, jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio, é conselheiro da TVCOMDF e edita o site Independência Sul Americana.