O Oito de Março nos convoca pois o genocídio palestino deflagrado por Israel é, sobretudo, uma guerra contra as mulheres, com o uso de estupro como arma de guerra e violações aos Direitos Humanos das Mulheres. É genocídio, sim! Neste Dia Internacional das Mulheres proponho que evoquemos algumas mulheres palestinas.
Evoquemos Hannah Arendt, filósofa judia. Em 1948, ano da criação do Estado de Israel, ela já compreendia ser o sionismo comparável ao Partido Nazista.
Evoquemos a jornalista judia MashaGessen. Ela equipara Gaza ao gueto judeu de Varsóvia durante a ocupação nazista. Diz ela: “A comparação que faço entre Gaza e um gueto judeu é intencional. Não é provocação. (…) Israel conduziu uma campanha de inacreditável sucesso não só colocando o Holocausto fora da história, mas também se isolando da perspectiva do direito humanitário internacional. A única forma de tentar garantir que o Holocausto nunca mais aconteça é saber que pode surgir do que Arendt chama de a banalidade do mal.” Ela aponta que em Gaza encontramos o mesmo desprezo pela vida, a mesma desumanização coletiva que produziram o Holocausto.
Saudamos as mulheres palestinas que apoiam as famílias todas, as famílias dos mártires, os feridos, os que perderam suas casas, suas terras e se encontram totalmente ao desamparo.
Nos solidarizamos com as mulheres palestinas que neste século XXI, acalentando nos braços, com profundo sofrimento, filhas e filhos mortos,recriam Michelângelo, se tornando novas Pietás.
Celebremos as mulheres palestinas…
Fatima Mohammed Bernawi (1939-2022), militante negra no Movimento de libertação da Palestina.
Annemarie Jacir, cineasta, com seus filmes Wajib, um convite de casamento; O sal desse mar, entre outros.
Leila Khaled, a combatente histórica nascida em Haifa, em 1944, lutando pela libertação da Palestina ocupada. Diz ela: “Israel quer dizer que está atacando o Hamas, mas as crianças não são do Hamas. As mulheres não são do Hamas. Eles estão atacando o nosso povo. E desta vez é um ataque genocida.”
AdaniaShibli, escritora. Em 15 de outubro ela foi informada sobre o cancelamento da homenagem que receberia na Feira do Livro de Frankfurt por seu romance “Detalhe menor”.
“Com a Palestina ocupada não haverá paz no mundo”, diz Leila Khaled.
Clamamos por cessar-fogo imediato.
Clamamos por respeito ao tempo sagrado do Ramadã.
(*) por Ana Liési Thurler, filósofa, socióloga, militante pelos Direitos Humanos das Mulheres.