Os professores foram para as ruas da capital do Rio Grande do Sul denunciar o desmonte da educação em curso pelo governo de Eduardo Leite
Educadores tomaram conta das ruas de Porto Alegre, nesta sexta-feira (15), Dia do Professor, para cobrar do governador Eduardo Leite (PSDB) a reposição salarial de 47,82% estendida a funcionários de escolas, respeito, dignidade e valorização profissional. As manifestações foram realizadas em frente ao Instituto de Previdência do Estado (IPE) e, em seguida, seguiu em direção ao Palácio Piratini, sede do governo estadual.
Na caminhada, os professores realizaram um cortejo fúnebre para lembrar a política de desmonte contra a Educação, colocada em prática pelo governador. “Nessa caminhada, temos, simbolicamente, um caixão para mostrar que é nele que o governador quer colocar a educação. Não vamos permitir, Eduardo Leite precisa valorizar, na prática, os educadores e a escola pública. Dinheiro tem! Basta priorizar o que importa. Caso contrário, entrará para a história como a pior gestão para a educação pública de todos os tempos do Rio Grande do Sul”, destacou a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Schurer.
O ato ocorre um dia depois de o governador lançar um programa de investimentos em escolas que não põe em pauta o reajuste salarial da categoria. Valorizar o magistério é também valorizar o professor. O último reajuste salarial que a categoria recebeu foi em 2014, na gestão do então governador Tarso Genro (PT). “Não adianta o governador do PSDB vir com um plano megalomaníaco de melhoria das escolas para fazer campanha eleitoral, como é o costume do partido político do qual ele faz parte. A melhor campanha que ele deveria fazer é não pagar um salário vergonhoso a quem faz a educação acontecer”, destacou Helenir.
Durante a manifestação no Palácio Piratini, artistas e educadores encenaram um pacote de maldades que pesam sobre os ombros dos professores. Claudir Nespolo, ex-presidente da CUT, presente na manifestação, lembrou que a educação só é valorizada em época de campanha eleitoral. “Depois começam os ataques. Estamos na luta para que o povo compreenda que o voto tem consequência. Muitos já estão sentindo na pele”.
A deputada Sofia Cavedon (PT) ressaltou que “esse Estado mínimo e conservador não prioriza a educação. Eduardo Leite é o projeto de Bolsonaro no Rio Grande do Sul. Governador confisca o salário dos aposentados, desrespeita a nossa autonomia pedagógica, a nossa dignidade”.
Instituto de Educação Flores da Cunha
A ex-diretora do Instituto de Educação presente ao ato, Adriana Marcon, explicou a situação da escola atualmente: “Em 2011, conseguimos que a instituição fosse restaurada. Porque não havia mais estrutura para ficar lá dentro. Chovia dentro da escola, não havia quadras esportivas, nem ginásio, a biblioteca não estava funcionando. Saímos em 2016 do prédio. Ela explicou que desde esse período, os alunos foram transferidos para quatro instituições: a Roque Callage, Professora Dinah Neri Pereira, Rio Branco e Felipe de Oliveira para o prosseguimento das obras que enfrenta atrasos no seu cronograma. O que era para durar um ano e meio, se arrasta até agora.
“Mas o Instituto de Educação segue existindo. O IE tem sede e quer voltar para a sua sede. Não podemos admitir que um governo que no ano que vem vai sair use o nosso instituto para outros fins. O governo precisa ter respeito pela instituição. Nós queremos o instituto de volta como escola e não como museu, não como Centro de formação Continuada”. Adriana segue atuando como professora estadual em outra escola atualmente, mas ainda integra o Conselho Escolar do Instituto de Educação. Ela finalizou pedindo apoio para o abaixo-assinado que será colocado nas redes sociais pelo CPERS, chamando atenção para se manter o projeto original com apoio da comunidade escolar de restauração do IE.
O governador Eduardo Leite (PSDB) criou outra polêmica quando anunciou que quer transformar o Instituto de Educação Flores da Cunha, uma instituição com mais de 150 anos de história no Museu do Futuro. O anúncio foi feito quando liderou uma comitiva à Europa. A proposta foi firmada por meio da assinatura de Leite por meio de um protocolo de entendimento entre a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Tecnologia (OEI), no dia 4 de outubro, em Madri, na Espanha.