Bolsonaro pede a apoiadores que se mobilizem contra lockdown e Fiocruz alerta para riscos de flexibilizar isolamento em meio a mês mais mortal da pandemia
Abril é o mês com mais mortes por Covid-19 desde o início da pandemia no Brasil, em março de 2020. Das 391.936 mortes registradas oficialmente no País, mais de 17% ocorreram neste mês, que ainda não acabou. Somente em abril foram mais de 69 mil vítimas. Nas últimas 24 horas, entre domingo (25) e esta segunda-feira (26/4), o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) contabilizou 1.139 novas mortes por Covid-19.
Levantamento do Ministério da Saúde, divulgado nesse domingo (25), indica que o Brasil registrou mais mortos pela Covid-19 em 4 meses de 2021 do que o total contabilizado no ano de 2020. A marca foi alcançada no próprio domingo (25/4). Do primeiro caso no País, no dia 12 de março, até 31 de dezembro de 2020, foram 194.949 mortes. Neste ano, já são 196.987 entre 1º de janeiro e 25 de abril de 2021.
Durante a primeira semana de abril, foram mais de 21 mil mortes. Já na semana passada, houve um ligeiro recuo, para pouco menos de 18 mil vítimas. O surto de Covid-19 permaneceu em crescimento desde novembro do ano passado, com destaque para todo o mês de março até o meio de abril, quando houve uma explosão de casos e mortes.
Já o levantamento do consórcio de veículos de imprensa dá conta de que o Brasil registrou 1.279 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas e totalizou, nesta segunda-feira (26), 392.204 óbitos desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 2.451. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -20%, indicando tendência de queda nos óbitos decorrentes da doença.
Nenhum estado apresenta tendência de alta nas mortes por Covid-19. É a primeira vez que isso é registrado desde a criação do consórcio de veículos de imprensa, em julho de 2020. Esse bom indicativo era longamente esperado após os números muito altos dos últimos meses em todo o País. Em março, o Brasil chegou a apresentar tendência de alta simultânea em 24 dos 27 estados. É importante agora acompanhar o ritmo de queda nos óbitos, já que a estagnação em um patamar alto também seria muito alarmante.
Mas o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) mantém a política contrária ao que se vê no mundo e voltou a incitar, na tarde desta segunda-feira (26/4), os seus apoiadores para que se manifestem contra o lockdown.
Novamente, o indivíduo que deveria estar à frente do combate à pandemia, vai para a mídia insuflar apoiadores para que pressionem familiares e conhecidos que contra o lockdown. Ele quer que os seus apoiadores convençam e pressionem as pessoas a mudar de opinião sobre o assunto. Bolsonaro fez a recomendação na saída do Palácio da Alvorada, durante retorno de viagem à Bahia.
No entando, cientistas da Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz) alertam para riscos de flexibilizar o isolamento no mês mais mortal da pandemia e manifestão preocupação e receio com as atitudes dos governos estaduais. O governo federal não conta porque este aposta na pandemia.
Nesta segunda-feira (26), manifestam receio de que o Brasil entre em um período de estabilidade mantendo os patamares atuais. Se prosseguir assim, o País pode ultrapassar as 600 mil mortes até o meio do ano. No último fim de semana, seis dias antes de fechar o quarto mês do ano, o Brasil ultrapassou o total de mortos registrado nos dez meses de pandemia do ano passado. Do primeiro caso no país, no dia 12 de março, até 31 de dezembro de 2020, foram 194.949 mortes. Neste ano, já são 196.987.