Apesar da intolerância religiosa que vivenciamos no Rio Grande do Sul, a procissão de Navegantes que parte da Igreja do Rosário no Centro Histórico e vai até a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes no IV Distrito, é onde se vê, se vive, se convive com o forte sincretismo religioso da capital, Porto Alegre. Neste percurso de 4,7 km andam lado a lado devotos católicos e devotos dos cultos de matriz africana.
É também o dia de encontrar as pessoas mais humildes, muitas pagando promessas ou pedindo para a “santinha” ou para a “mãe das águas”.
É dia de ver políticos e personalidades que de fato são devotos e ligados à religiosidade, como alguns para “figuração”.
Nos primórdios, a Festa começava no atual Bairro Menino Deus, quando as águas do Guaíba chegavam até perto da antiga capela, saindo a procissão de barco.
Em 1989 foi mudada para uma procissão pelas ruas de uma igreja a outra.
Atualmente, o trajeto é feito pelas ruas, reunindo de 8 a 10 mil fieis, com a retomada de alguns barcos que vão novamente pelas águas do Guaíba.
É um dia que vai além do culto a Nossa Senhora dos navegantes e a Iemanjá. As famílias e amigos se reúnem levando comidas, compartilhando, com muita melancia para matar fome e sede.
A simbologia de saída da Igreja do Rosário é muito apreciada pela comunidade afro, porque esta sempre foi a Igreja dos pretos. Feita por eles, quando o Maestro Mendanha e outros romperam com um padre da Catedral.
(*) Por Adeli Sell, professor, escritor e bacharel em Direito.
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