É o novo discurso eleitoral de Donald Trump, alegoria à paz, para polarizar contra o armamentismo de Joe Biden, senhor da guerra.
É a nova cara do fascismo eleitoral?
O espírito de ódio típico do fascismo está sendo afastado e espantado por Trump que sobreviveu ao mais sério ataque à sua vida.
Saiu dando socos no ar para ressaltar sua resistência política e, claro, a alegria de estar vivo.
A declaração de Trump neste domingo após o ataque é um novo discurso político para a América a ser disseminado em campanha para presidência dos Estados Unidos.
Ele, aparentemente, descarta o ódio e a vingança e prega a união nacional contra o que ele diz que não devia acontecer na América, isto é, atentados políticos.
No mínimo, Trump está equivocado, pois é, justamente, nos Estados Unidos que têm ocorrido os atentados políticos mais frequentes em termos históricos.
A disputa do poder na América é puro faroeste, como demonstra Roliúde com seus roteiros maravilhosos, para demonstrar que a colonização americana foi feita à bala.
Pátria de mocinhos e bandidos.
Trump sentiu o tiro na orelha que se tivesse batido no crânio, ele já era, estaria na história.
Os marqueteiros de Trump já inventam outra saída para o fascismo trumpiano: em vez de continuar com a cara de ódio, muda-se para a cara da união nacional, que só é possível acontecer por meio do espírito de fraternidade.
A fraternidade ganha cores políticas depois do balazzo que Trump levou na orelha, conferindo-lhe, pelo que diz na entrevista, um espírito de paz, em oposição ao que os Estados Unidos expressam no atual momento histórico: espírito de guerra – promotores de guerra, de polarizações violentas, de fomento à produção armamentista para construir um mundo adequado aos interesses da guerra e da morte sob comando do império capitalista, agora, com perfil meramente financeiro e belicista.
O novo discurso de Trump vira direita e ultradireita fascistas de ponta a cabeça, ao despertar no candidato uma expressividade política mais espiritualizada e menos agressiva.
Efeito prático de ter se livrado da morte, invertendo valores morais?
O tiro que não atingiu mortalmente o alvo, neste 13 de julho de 2024, reverte a propensão fascista trumpiana, expressa no chamamento ao golpe de estado que patrocinou ao convocar invasão do Capitólio, em 8 de janeiro de 2021, à violência e ao ódio, característicos do fascismo ao qual é pregada a imagem do candidato?
OPOSTO AO BOLSONARISMO: E AGORA?
Ou seja, nada a ver com a pregação do ódio e da violência bolsonarista que tenta, agora, posar de vítima como estratégia eleitoral, depois de esgotar todos os seus argumentos para tentar enganar a opinião pública, agora, sacudida pelo roubo das joias e instalação de estado policialesco fuxicador da vida alheia, como comprovam investigações da Polícia Federal.
Os bolsonaristas estão em xeque com o novo pacifista Trump depois do tiro que pegou de raspão na orelha.
Jamais passou pela cabeça de Bolsonaro a unidade nacional contra a violência e os atentados.
Pelo contrário, sua norma é o apelo à violência, ao armamentismo e à mentira como salvação temporária suprema.
O episódio Trump é a inauguração política de uma nova direita pacifista contrária à divisão nacional que o ódio e a violência bolsonarista produzem.
Verdade ou mentira?
NOVO PADRÃO CULTURAL PACIFISTA?
A indústria armamentista que dissemina culturalmente o perfil americano de salvador do mundo por meio de guerras que os Estados Unidos tentam conferir valor moral é a grande perdedora com o novo discurso de campanha eleitoral de Trump: união nacional contra a violência.
Combate à violência pela união nacional é incompatível com o apoio de Biden ao genocídio de Israel contra os palestinos.
O novo discurso de Trump, igualmente, não combina com o armamentismo mercantilizado cidadão norte-americano que alimenta ódio e violência como marketing comercial
Portanto, o fato novo, depois da entrevista de Trump pós-atentado, é a bandeira eleitoral pacifista empunhada pelo candidato fascista.
É ou não tiro eleitoral fatal em Biden cuja trajetória está quase que umbilicalmente associada à guerra imperialista?
Não às armas, não à guerra pode ser o novo discurso americano depois que Trump convoca a nação à unidade nacional contra a violência fascista que quase o elimina.
Depois de experimentar na pele o fascismo e sua violência intrínseca, Trump muda e joga a eleição presidencial americana em outro patamar.
Ou florescera o contrário, apesar do discurso pacifista do candidato republicano?
Foto Agência Brasil
(*) Por César Fonseca, jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio, é conselheiro da TVCOMDF e edita o site Independência Sul Americana.