Se há algo de benéfico que esta pandemia e seu enclausuramento (necessário) trouxeram, foi a possibilidade de rever alguns dos jogos mais importantes de nossos clubes de coração, clubes que admiramos e seleções.
A televisão mescla um noticiário vazio de novidades à uma variedade de jogos que “achamos que já vimos”, mas não conseguimos mais relembrar.
Aquele lance que fica marcado, mas agora ganha mais relevância pela circunstância do jogo, do torneio e até mesmo da situação do país naquele momento.
Se o momento pede uma cautela ao sair de casa, o entretenimento se faz necessário. E ter variedade é importante. Seja jogando um carteado online, uma conversa por telefone, uma “live” ou marcar na agenda os jogos fundamentais para a história do nosso futebol.
Mas uma coisa chama a atenção em meio à “roda de conversas digitais” ou mesas redondas, onde cada um contribui de casa ou com redução de elenco: O velho futebol, tido como lento, ultrapassado, voltou a encher os olhos. Os conceitos táticos de antigamente, são comparados e até mesmo citados como exemplos no futebol de hoje. Ou, de antes de paralisarmos os certames. O novo futebol, hoje é o velho futebol. E como ele vai fazer diferença no Futebol que vem pela frente.
Ver como a seleção de 70 já jogava com Tostão de “falso 9”, confundindo a marcação adversária, nos fez ver que mais que um selecionado dos mais talentosos da história, havia um esquema tático pensado e bem executado.
Perceber como a seleção canarinho de 82, com o democrático Sócrates e o genial Zico comandando o meio, encantava, mas também exibia algumas fragilidades, como as laterais. Mas fazendo ver que o estilo de jogo centralizado, hoje é muito parecido ao dos últimos times vencedores de torneios continentais, corrigindo essa deficiência.
E que o time do São Paulo, do mestre Telê Santana, jogava um 4-4-2 por vezes, que fechava o miolo do campo, mas saía com velocidade e disciplina tática, que sufocava times como Barcelona e Milan.
Assim, (re)aprendemos a gostar de alguns jogadores, que com o tempo caíram no ostracismo, valorizamos certas vitórias e derrotas. Mas o mais importante: Aprendemos a ver o futebol “ultrapassado”, que a voracidade de informação, nos fez esquecer.
Nos obrigou a degustar um futebol de essência, daqueles que a gente vai demorar a esquecer.
Rafael Amador é publicitário e acredita que o esporte é parte indissociável da educação e crescimento de um país.