A nova elite brasileira não é mais aquela que gerenciava as indústrias, o sistema financeiro ou o comércio, ela está no campo plantando e colhendo muito.
Ao contrário desses outros setores que necessitam de uma sociedade minimamente equilibrada para ter lucro, o Agro depende única e exclusivamente do sucesso do plantio e da colheita. Para tal setor pouco importa se a sociedade está economicamente equilibrada, pois, mais de 90% de seus produtos são exportados.
É nesse ponto que se desvenda uma verdade incontestável e constrangedora. Ao mesmo tempo que o Agro sustenta a balança comercial brasileira positiva, ele se beneficia da crise econômica de nosso País e principalmente da desvalorização do real frente ao dólar. Como os grãos são commodities, seus preços acabam regulados pelo mercado internacional e a crise que prejudica a coletividade e em especial as camadas mais pobres, beneficia os exportadores. Trazendo para o mundo real, os grandes produtores ganham em dólar e compram em real, enquanto o povo ganha em real e paga em dólar.
Essa desvalorização da moeda que beneficia um forte, mas único setor que é o Agro, mais do que dobrando o valor do carro chefe soja, também prejudica demais o povo, aumentando o preço do combustível, gás de cozinha, energia elétrica, carne, feijão e tantos outros itens essenciais. Muitos afirmam que o Agro movimenta o Brasil e isso nos dias de hoje é inegável, mas também é ele, através de sua política de exportação e de não agregar valor ao produto, o propulsor da desigualdade. O valor agregado e que realmente auxilia na busca de uma sociedade mais equilibrada, acaba vindo do campo, através da agricultura familiar, das pequenas e médias propriedades que fomentam o setor industrial do leite, suíno, aves, entres outras culturas e atividades. Outro exemplo prático do prejuízo que as grandes extensões de terras nos trazem é a comparação do faturamento dessas propriedades com a indústria e o comércio.
Uma propriedade de terra de mil hectares, fatura bruto somente na cultura da soja, aproximadamente 11 milhões de reais ano. Propriedades como essa tem em média apenas 8 trabalhadores. Se compararmos a uma empresa do setor de alimentação como restaurantes, que tenham faturamento bruto superior a 10 milhões de reais, veremos que no mínimo, empregam 150 pessoas. Se considerarmos os empregos diretos da indústria, os números são muito mais desiguais. Além disso, se partirmos para a seara tributária, os agricultores tem inúmeros benefícios inclusive sobre seus lucros, que comerciantes e industriais jamais sonharam. Um funcionário público de alto padrão que recebe em média 20 mil reais paga mais imposto de renda que um fazendeiro que fatura 5 milhões por ano.
Um proprietário de uma casa que tem valor venal de 400 mil reais, paga mais IPTU, de que o proprietário de uma fazenda de 500 hectares que vale no mercado 65 milhões de reais, paga de ITR. Até mesmo na compra de veículos, mesmo que não sejam utilizados para o trabalho, esses produtores apresentam o bloco do produtor e recebem descontos de até 30%. São essas pessoas que já foram beneficiadas por diversos Governos, inclusive os Governos do PT, que hoje ostentam bandeiras do Brasil em suas camionetas de 300 mil reais, em suas casas e nas porteiras de fazendas.
Não pensem que eles não sabem que estão sendo Governados por um psicopata, genocida que ignorou a pandemia e que leva milhares de brasileiros a miséria em apenas 3 anos. Essas pessoas sabem muito bem disso, elas estão defendendo uma política que fomenta a desigualdade, que destrói o meio ambiente, mas que lhes beneficia e muito. Mas como nada dura para sempre, esse benefício é ilusório e momentâneo, o desequilíbrio social ao longo do tempo destrói qualquer setor e qualquer sociedade. Portanto o Agro não tem nada de POP e hoje sustenta aqueles que ameaçam o nosso sistema democrático de direito conquistando com muita luta pelo Povo Brasileiro.
(*) Por Antonio Telles de Araújo
Professor de Economia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)