Marina Silva e Heloísa Helena, ex-senadoras e ex-candidatas bem votadas à Presidência da República, decidiram candidatar-se à Câmara dos Deputados, não ao Senado nem à Presidência, nas próximas eleições. Elas pretendem, em primeiro lugar, eleger vários outros deputados com as sobras de sua votação – com certeza muito grande – para a Rede, seu partido, escapar da cláusula de barreira que pode custar-lhe o registro e a existência
Mas elas também devem estar pensando, como já acontece com muita gente, que em 2022 não basta ao Brasil civilizado vencer a disputa presidencial e afastar Bolsonaro do poder: para evitar o risco de novos retrocessos, vai ser preciso a esse Brasil civilizado eleger grandes bancadas no Congresso, especialmente na Câmara dos Deputados, que nesta legislatura dominada pelo desastre eleitoral de 2018 ficou ainda pior do que já era.
Se fossem candidatas vitoriosas ao Senado pelo voto majoritário, Marina e Heloísa conquistaram apenas um voto cada para seu partido no Congresso. Candidatas à Câmara pelo voto proporcional, conquistarão vários ou muitos votos, vários ou muitos mandatos para esse partido, aumentando talvez substancialmente sua presença no Congresso.
Se esse exemplo e esse caminho forem seguidos por todos os partidos que hoje negociam uma federação em torno da candidatura de Lula, o novo Congresso pode conquistar mais que a ambiciosa meta de 200 deputados na Câmara Federal e garantir ao próximo governo a desejada governabilidade e ao regime a necessária sustentabilidade contra a onda fascista.
Candidatos possíveis ao Senado poderiam seguir o exemplo de Marina e Heloisa e concorrer não ao Senado, mas à Câmara, com a expectativa de alcançar grande votação e com suas sobras de votos garantir a eleição de muitos outros candidatos e ao mesmo tempo a derrota de muitos exemplares da fauna fascista, miliciana, picareta e obscurantista que hoje serve de blindagem à manutenção do quadro político, econômico e social em que vivemos.
Para ficar em alguns exemplos, apenas de alguns dos mais importantes eleitorados do país, poderíamos pensar nas seguintes hipóteses:
Em São Paulo, o grande campeão de votos que é o ex-Senador e atual Vereador Eduardo Suplicy, não precisa ser candidato novamente ao Senado, até porque a vaga única em disputa está reservada à negociação entre o PT e o PSB como compensação a este para apoiar a candidatura de Fernando Haddad ao governo do Estado. Suplicy que já teve, anos atrás, 300 mil votos na cidade de São Paulo como candidato a vereador, pode eleger com suas sobras mais alguns deputados além daqueles que o PT vai naturalmente fazer.
No Rio Grande do Sul, podem ser candidatas à Câmara, com sobras de votos suficiente para ajudar ou garantir a eleição de outros deputados, tanto a ex-Presidente Dilma Roussef quanto a ex-candidata a Vice-Presidente Manuela d’Ávila.
O Rio Grande tem outro caso a ser examinado, o do Senador Paulo Paim, reeleito em 2018 e um dos poucos sobreviventes do desastre daquele ano. Paim poderia, no exercício de um mandato de senador que se estende até 2026, disputar o mandato de deputado em 2022? Se puder e o fizer, arrastará com seus votos vários outros deputados.
Na mesma situação de Paim estão outros senadores do Brasil civilizado eleitos ou reeleitos em 2018, que poderiam ter grande votação como candidatos agora ao mandato de deputado: pelo Amapá, Randolfe Rodrigues; pela Bahia, Jacques Wagner; pelo Espírito Santo, Fabiano Contarato; por Pernambuco, Humberto Costa e Jarbas Vasconcelos; e pelo Ceará, Cid Gomes.
Dos senadores da eleição de 2014, que agora teriam de renovar os respectivos mandatos mas poderiam preferir uma candidatura à Câmara, também com o objetivo de carregar com eles outros candidatos, podem ser citados Paulo Rocha, do Pará, e Jean Paul Prates, do Rio Grande do Norte, este eleito suplente da Senadora Fátima Bezerra, que em 2018 se converteu em governadora de seu Estado.
No Maranhão, o Governador Flávio Dino, que já foi cogitado até para candidato a Vice de Lula e que sabidamente tem planos de concorrer ao Senado, também poderia optar por uma candidatura à Câmara e arrastar com as sobras de sua votação vários outros deputados.
O Paraná já tem o precedente da ex-senadora Gleisi Hoffmann, Presidente do PT, que na eleição passada concorreu à Câmara dos Deputados e mesmo no desastre generalizado de 2018 teve mais de 200 mil votos. A eleição de 2018 derrotou o Senador Roberto Requião, uma das maiores figuras dos Congressos passados, que agora é convocado a disputar de novo o governo do Estado. Se tiver condições de não concorrer nem ao governo nem ao Senado, Requião será com certeza, ao lado de Gleisi, um campeão de votos para a Câmara.
Uma virada como essa exigirá que recursos do fundo eleitoral sejam concentrados, em boa medida, nas campanhas para a Câmara dos Deputados e terá naturalmente seus perigos e contraindicações. Ela não parece, em princípio, prejudicial à candidatura de Lula, que a esta altura anda sozinha, alimentada pelo papel histórico hoje exercido por ele. Mas vai ser preciso cuidado para não desguarnecer as disputas pelo Senado e pelos governos estaduais.
De qualquer maneira, as eleições de 2022 oferecem ao Brasil civilizado uma oportunidade ímpar, depois dos estragos dos últimos anos. Cabe a ele aproveitá-los.
(*) José Augusto Ribeiro – Jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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