As duas notícias surgiram no mesmo dia. A primeira saiu da Petrobrás, ao anunciar, oficialmente, que não renovará com o grupo Vibra, comandado por capitais sauditas e comprador da BR, a ex-Petrobrás Distribuidora, o contrato de uso da marca BR e tudo a ela associado. A segunda foi uma declaração do diretor-geral da Polícia Federal,Andrei Rodrigues, prometendo, para até março, o esclarecimento “final” do caso Marielle Franco.
O caso Marielle é universalmente conhecido no Brasil e a única pergunta ainda a ser respondida é quem mandou matá-la.O caso da marca BR é que exige muito esclarecimento, porque foi uma operação criminosa habilmente dissimulada na linguagem habitual das privatizações realizadas nos governos Temer e Bolsonaro, no fundo a mesma de sempre, do Estado mau patrão e mau gestor, responsável pelos rombos financeiros nas estatais.
Mas a BR Distribuidora era tão bem administrada e dava tanto lucro, assim como a Petrobrás, que despertava a cobiça de capitais transnacionais interessados em ganhar muito dinheiro no Brasil. Com a cumplicidade e o silêncio também criminoso da grande mídia, foi possível vendê-la ao grupo saudita, o que não aconteceria se a tentativa fosse de privatizar a Petrobrás, marcada na alma brasileira pelo sacrifício de Getúlio Vargas.
Vendida a Petrobrás Distribuidora a preço criminosamente menor que seu verdadeiro patrimônio material e imaterial, praticou-se outro crime: o grupo comprador foi autorizado por contrato a usar em seu marketing a marca BR e seus acessórios e não sua marca própria, Vibra.
Para situar o problema, imagine-se a situação do possível comprador de uma fábrica terceirizada de Coca Cola. Se ele não puder usar a marca Coca Cola, com o desenho inconfundível daquelas letras, com as cores de suas latas e rótulos, até com a forma física de suas garrafas, a compra não terá sentido.
Na ânsia de consumar a operação, a BR foi vendida ainda mais barato sem esse patrimônio imaterial. que valia muito mais que seus postos de abastecimentos próprios e sua infraestrutura de armazenamento e distribuição.Para permitir que a Vibra pudesse operar com lucros, grandes lucros, a Petrobras assinou um contrato que a autorizava a operar fantasiada de BR no Brasil inteiro, em milhares de locais nas cidades e nas estradas. Mas era uma Coca-Cola falsa.
Esse contrato tinha prazo de vigência, que invadia por mais de um ano o governo Lula, o mesmo truque do Banco Central com mandato de diretores, enfiando-se governo adentro de um novo Presidente da República. Com o término próximo do contrato, a Petrobrás do governo Lula anunciou que não pretende renová-lo. Em consequência, os postos que atualmente ostentam a bandeira BR deixarão de um dia para outro de poder ostentá-la e a Vibra perderá de um dia para outro milhões de dólares de valor de mercado e naturalmente o valor de suas ações cairá em todas as bolsas de valores do mundo.
Nesse momento as coisas mudam radicalmente de figura e o maior interesse dos investidores sauditas também muda radicalmente: agora o que mais pode interessá-los é devolver a BR a Petrobras para diminuir suas perdas.
Bem que Lula avisou na campanha presidencial: quem entrar nessas privatizações saiba que elas podem ser anuladas. No primeiro ano de governo, Lula preferiu ter paciência, como teve com o Banco Central, e agora o governo está em posição de força para recuperar a BR e em seguida investigar as condições e circunstâncias em que ela foi vendida, para em seguida o Ministério Público e a Justiça tomarem conta do caso, inclusive na esfera criminal.
A mesma paciêenca está funcionando no caso de outra privatização a ser desfeita, a da Refinaria de Mataripe, na Bahia, e pode funcionar no caso Marielle.Se funcionar, o goerno terá provado a si mesmo que tem encontrado as melhores saídas no labirinto que foi montado para tornar impunes crimes como o assassinato de Marielle e as privatizações na área da Petrobrás.
O “devagar que eu tenho pressa” talvez tenha sido uma boa palavra de ordem.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor, é colunista do Jornal Brasil Popular com a coluna semanal “De olho no mundo”. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
SEJA UM AMIGO DO JORNAL BRASIL POPULAR
O Jornal Brasil Popular apresenta fatos e acontecimentos da conjuntura brasileira a partir de uma visão baseada nos princípios éticos humanitários, defende as conquistas populares, a democracia, a justiça social, a soberania, o Estado nacional desenvolvido, proprietário de suas riquezas e distribuição de renda a sua população. Busca divulgar a notícia verdadeira, que fortalece a consciência nacional em torno de um projeto de nação independente e soberana. Você pode nos ajudar aqui:
• Banco do Brasil
Agência: 2901-7
Conta corrente: 41129-9
• BRB
Agência: 105
Conta corrente: 105-031566-6 e pelo
• PIX: 23.147.573.0001-48
Associação do Jornal Brasil Popular – CNPJ 23147573.0001-48
E pode seguir, curtir e compartilhar nossas redes aqui:
https://www.instagram.com/jornalbrasilpopular/
️ https://youtube.com/channel/UCc1mRmPhp-4zKKHEZlgrzMg
https://www.facebook.com/jbrasilpopular/
https://www.brasilpopular.com/
BRASIL POPULAR, um jornal que abraça grandes causas! Do tamanho do Brasil e do nosso povo!
Ajude a propagar as notícias certas => JORNAL BRASIL POPULAR
Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.