Amanhã a pauta do STF está carregada pois terá de julgar dois assuntos de peso: o caso da CPI da Pandemia, temperado com a gravação da conversa comprometedora de Bolsonaro com o senador Kajuru e novamente o caso Lula, que se arrasta há anos na mesma medida em que se arrasta a indefinição do Estado democrático de direito no país depois do golpe do impeachment de 2016. Dará tempo para julgar os dois casos? Acho difícil, mas só saberemos amanhã.
Entretanto vou me concentrar no caso Lula, trazido para o pleno da Corte pelas mãos das viúvas inconsoladas da Lava Jato, com destaque para a Globo da família eternamente golpista dos Marinho.
A análise do aspecto puramente judicial deixo para os especialistas explicarem o que deveria prevalecer, se a suspeição ou o impedimento do então juiz Moro, recentemente desmascarado pelo jornal francês Le Monde, como um agente de Washington com a missão de derrubar um governo independente do Império e também de desmontar a Petrobras e as grandes empreiteiras nacionais que concorriam internacionalmente com as norte-americanas.
Atenho-me aqui ao lado político do julgamento, que é o determinante nesse caso. A opinião pública internacional e grande parte da sociedade brasileira já têm consciência de que a condenação sem provas e prisão de Lula visaram unicamente o seu afastamento da disputa presidencial de 2018. Foi o golpe judicial necessário para completar o golpe parlamentar do impeachment da presidenta Dilma.
Agora, sem força própria para superar eleitoralmente o elegível Lula, setores da direita liberal que se opõem a Bolsonaro se unem a esse genocida para tentar repetir o mesmíssimo golpe judicial contra o ex-presidente.
Conseguirão maioria no Supremo para isso? Acho improvável, pois o vento político hoje é favorável a Lula que expressa cada vez mais para a maioria da sociedade a superação da política da morte e do ódio. A maioria já cansou disso, pois seu único resultado é a piora da vida de todos e a transformação do Brasil em pária internacional e neocolônia americana.
Por outro lado, a publicação da conversa de Kajuru com o genocida revelou os planos criminosos de Bolsonaro de impichar ministros do Supremo. Será que a maioria do STF quer cometer o suicídio coletivo de se desmoralizar em enquanto Corte Suprema para cassar arbitrariamente Lula na frente do todo mundo para depois ficar a mercê da ofensiva de Bolsonaro? Este sim, ameaça a independência do Poder Legislativo, não Lula, que sempre respeitou do STF.
Se cometer esse crime constitucional de negar ao cidadão Lula o direito a um julgamento com um juiz imparcial, que moral teria o Supremo para arguir sobre os crimes constitucionais de Bolsonaro?
De qualquer modo temos de ficar atentos e mobilizados, para a possibilidade de acontecer o pior para a democracia, pois a Casa Grande já deu mostras de não hesitar em recorrer a todo tipo de crime político, judicial e midiático para defender seus interesses de classe.
Mas, igualmente, o povo consciente de nosso país tem se mostrado rebelde e teimoso para nunca desistir da luta por liberdade e justiça social. E estará sempre com Lula, pois o maior líder popular de nossa história é a única alternativa que o povo e as classes médias têm para sair desse labirinto de morte, ódio e estagnação econômica.
(*) Val Carvalho é escritor e militante de esquerda