Um dos discursos de Bolsonaro no 7 de setembro, o do imbrochável, foi objeto de ridículo até se saber, passados dois dias, que horas depois aconteceu no Estado de Mato Grosso o assassinato de mais um eleitor de Lula por um eleitor de Bolsonaro, repetindo-se, assim, o crime de Foz do Iguaçu dois meses antes, quando um policial, o guarda municipal Marcelo Arruda, eleitor de Lula, foi morto a tiros por outro policial, um agente penitenciário eleitor de Bolsonaro.
O ridículo até que estava divertido e deu oportunidade ao humor de duas jornalistas de pontaria certeira.
No site 247, Cynara Menezes levantou a hipótese de uma mulher ocupante da Presidência tentar a reeleição seguindo o modelo Bolsonaro e garantindo sua permanente disposição sexual:
— Molhadinha, molhadinha!
E no conservador O Globo, Ruth de Aquino, esclarecendo que falava a partir de sua experiência de mulher, informou no título de um artigo:
— Imbrocháveis são os piores na cama…
Dias antes, a mídia registrara um pronunciamento na direção oposta de uma nora de Bolsonaro, a psicóloga Heloísa, casada com o filho 03, Eduardo, o deputado federal por São Paulo e principal conexão do clã com o falecido guru Olavo de Carvalho e com o “estrategista” da extrema direita Steve Bannon, agora na iminência de se tornar réu por apropriação criminosa de milhões de dólares em contribuições financeiras para um fundo criado por ele para supostamente financiar a construção de um muro na fronteira dos Estados Unidos com o México, o muro que impediria a entrada de imigrantes ilegais em território americano.
Heloísa tentava defender a ideia de maridos “fortes” e mulheres submissas, alegando que a imagem da mulher independente e insubmissa não passa de uma ilusão. Coincidentemente a imprensa norte-americana descobria e contava que a juíza Amy Barret, da Corte Suprema, nomeada por Trump no fim de seu mandato, participava de um grupo religioso dedicado à causa da mulher submissa no casamento – uma cruzada machista e patriarcalista compartilhada por algumas igrejas e pastores do fundamentalismo evangélico.
Essa teoria, de que Deus quer e recompensará na eternidade a mulher submissa e dependente, é um dos mecanismos de perpetuação do domínio patriarcal que, depois de mais de cinco mil anos, entra irreversivelmente em seu crepúsculo final.
Machistas como Bolsonaro não podem aceitar que mulheres se tornem jornalistas que fazem perguntas e exerçam profissões antes exclusivas de homens e em que hoje elas concorrem com eles e frequentemente os superam e até ganham mais que eles.
A apologia machista da nora, justificando a submissão pode ser uma concessão que ela faz, e com a qual no fundo não concorda, para manter a harmonia na família e ajustá-la ao modelo de casamento proposto por Bolsonaro no 7 de setembro, o de o homem encontrar sua princesa e ela aceitá-lo e ligar-se submissamente à sua proteção.
Esse modelo de vida familiar é também um dos mecanismos de submissão política com o qual o poder econômico, agora sob a hegemonia de seu braço financeiro, consegue sustentar o modelo econômico do neoliberalismo, com sua cada vez maior concentração de renda, com sua desigualdade cada vez mais cruel e com sua indiferença suicida diante da destruição ambiental que já atinge o planeta inteiro.
Bolsonaro não é um caso isolado, é da mesma natureza do caso de Trump, que já foi desalojado de seus ex-poderes presidenciais nos Estados Unidos, mas ainda exerce forte influência sobre correntes de direita e extrema-direita inconformadas com a evolução dos tempos.
O Sete de Setembro de Bolsonaro produziu de imediato o crime de Mato Grosso, mas outras possíveis repercussões e consequências foram engolidas e neutralizadas no dia seguinte pela morte da Rainha Elizabeth II, que monopolizou todos os espaços da internet. E a pesquisa de sexta-feira do Datafolha manteve quase sem alteração as previsões para o próximo encontro de Bolsonaro com a história de seu País, a eleição de 2 de outubro.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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