A enorme curiosidade sobre o pensamento político de um banqueiro, especialmente se esse banqueiro é uma eminência parda da república de Bolsonaro-Guedes-Lira, como André Esteves, do BTG Pactual, é mais do que natural, pois banqueiros não costumam revelar publicamente seus desejos e planos políticos.
Por isso é indispensável ouvir o áudio de uma hora, divulgado pela TVBrasil 247, da fala desse banqueiro para os altos clientes de seu banco.
Nesse áudio podemos ver toda a racionalidade política do mercado financeiro exposta da forma clara e sem medir palavras nem esconder ideias.
André Esteves diz que aconselha o presidente da Câmara, Artur Lira e que não é contra o auxílio de 400 reais. Pelo contrário. Afirma ser favorável ao programa bolsa família, que considera uma criação tucana, e que é necessário se fazer uma “pequena transferência de renda” para pagar a paz social.
Para o mercado a política de transferência de renda não tem a ver com o enfrentamento da desigualdade social, mas é uma espécie de “cala a boca” daqueles que passam fome e estão abaixo da linha da pobreza.
Esteves considera Guedes um grande ministro da economia e acha que ele está fazendo tudo certo. Elogia o governo golpista de Temer, que instituiu o Teto de Gastos. Vê essa medida absurda, que comprime os gastos sociais e abre a porta para a privatização dos serviços do Estado, como a “âncora fiscal” que garante a “credibilidade” fiscal do governo.
Segundo ele, o mercado não está preocupado com o auxílio emergencial de 400 mil, mas com a dinâmica do governo, com a imprevisibilidade de Bolsonaro a respeito dos gastos fiscais.
Seu modelo de regime é de centro-direita na política e conservador na economia, de proteção total e exclusiva dos interesses de classe dos grandes proprietários e investidores. Esteves identifica o centro-direita com o “Centrão”, um aglomerado de parlamentares aluguel, reacionários e corruptos, cujo melhor exemplo é Eduardo Cunha.
Ele vê esse Centrão reacionário e corrupto como o heroico centro-conservador que salvou o Brasil do passado das “maluquices do integralismo, do fascismo e do comunismo”. Nesse viés distorcido da história, o golpe militar de 64 é mostrado como uma ação salvadora desse tal Centrão, e feito de forma pacífica segundo os moldes do impeachment da Dilma, segundo Esteves.
Desse modo, com tamanha falsificação da história, ignorando totalmente as cassações, censura, prisões, torturas, repressão, desaparecimentos de democratas e tudo o mais, fica fácil fazer do centrão o herói da democracia do mercado.
Quanto às eleições de 2022, André Esteves se mostra tranquilo, pois entende que no Brasil o vento da política continua sendo de centro direita, e o candidato que for para o centro ganha a eleição, seja ele quem for, podendo inclusive ser Bolsonaro ou mesmo Lula. Afirma que “a sociedade não quer maluquice. Ninguém quer fechar o Supremo nem deixar de se vacinar, mas as pautas que elegeram Bolsonaro ainda são as dominantes”.
Em sua opinião, se Bolsonaro não falar bobagem nem ameaçar as instituições e se Lula indicar um “Meirelles da vida” para a Fazenda e um “Kassab da vida” para a vice presidência, podem ser favoritos.
Mas se ambos não saírem de seus extremos políticos, um candidato de centro será favorito. Pode ser Eduardo Leite ou Dória. Ela despreza o fato de serem “traços” nas pesquisas, pois diz que com a “conectividade de 300 milhões celulares para 200 milhões de pessoas” uma candidatura pode ser lançada até mesmo em agosto do próximo ano e ser competitiva (olha aí a fé depositada nos disparos milionários das fakenews e nas mentiras da grande mídia).
Realista, Esteve entende que Lula já está no segundo turno e que “o resto está brigando por uma vaga à direita”. Perguntado sobre o Congresso, diz que “é melhor que seja de centro-direita, para evitar bobagens”.
O banqueiro, que também é dono das revistas Veja e Exame, diz que faz muitas pesquisas quantitativas e qualitativas mas que não divulga porque o ambiente está muito emocional” (eufemismo para dizer que Lula está na frente).
Mas diz que as pesquisas revelaram uma informação interessante, que “a sociedade percebe que houve uma certa injustiça na prisão de Lula, na morte de sua mulher e nas falas do procurador sobre seu neto”.
Concluindo esse resumo do áudio, ele admite de forma totalmente natural algo absurdo para o povo brasileiro: que seu banco vai muito bem mas isso não significa que o Brasil vai bem. Algo muito parecido com o que o ditador Médici disse no passado, que “o país vai bem, mas o povo vai mal”.
Essas confissões dos poderosos mostram que o país dos banqueiros, dos grandes capitalistas, dos ditadores nunca se conecta com o país do povo, simplesmente porque esses proprietários do capital e os ditadores que os protegem vivem às custa da exploração e da miséria desse mesmo povo.
(*) Por Val Carvalho – escritor e militante de esquerda
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